Rio de Janeiro - A dez dias do carnaval, muitas alas de escola de samba ainda tem fantasias à venda.

O movimento atípico é creditado à crise econômica mundial.

Turistas estão mais cuidados e pesquisando mais na hora da compra. “Tem havido mais choro.

As pessoas já ligam pedindo desconto”, brinca Márcio Patitucci, da Ala Paixão Salgueirense.

Ele também detectou menor número de vendas para estrangeiros. “Dos dez componentes que habitualmente compram fantasia, neste ano, só cinco fecharam”.

Quem também detectou retração nas vendas é Hélcio Corrêa, que está no negócio há 39 anos e vende fantasias para dez escolas de samba, oito do Grupo especial e duas do Grupo de Acesso.

Ele afirma que em outros carnavais, tudo já teria sido vendido a esta altura. “Havia um fluxo muito intenso de mineiros e isso diminuiu muito.

Acho que eles pensam mais antes de gastar”, brinca.

Mas ele reconhece que, de uma forma geral, todo mundo está pesquisando.

O preço das fantasias colocadas à venda para quem não pertence às escolas varia entre R$ 200 e R$ 800. “Acho que as pessoas estão com medo do que vai acontecer amanhã, mas, de qualquer forma, não estou muito preocupado.

Agora, começa o movimento de grupos de amigos que querem brincar juntos e isso vai impulsionar as vendas”, afirma Corrêa.

Para Ricardo Araújo, que comanda um ateliê, o carnaval de 2009 está fechado.

Já foram vendidas todas as cem fantasias da ala Fina Estampa do Salgueiro.

Para ele, a grande questão é a festa do próximo ano. “‘Acredito que vamos assistir a uma crise no próximo carnaval na hora de comprar o material porque mais de 80% do que é usado, como tecido, cola e adereços, é importado”, avalia.

Esta é a mesma percepção de Hélcio Corrêa. “Os carnavalescos querem sempre o melhor e, se a crise continuar, certamente, tudo vai ficar mais caro”.

Mas otimista, arremata: No fim dá tudo certo, porque a paixão pelo samba vai sempre falar mais alto".

A emoção falou mais alto no caso de Tereza de Jesus Araújo, estreante na avenida.

Ela investiu R$ 550 para sair em uma ala da Mangueira que homenageia o antropólogo, escritor e político Darci Ribeiro, já falecido. “Até que achei o preço bom porque a fantasia é muito trabalhada e ainda tem chapéu, sapato e pulseiras.

De qualquer forma, não decidi desfilar do nada.

Tenho simpatia pelo homenageado e faço curso na Escola de Cinema Darci Ribeiro.

Juntou tudo”, diz ela.

Com informações da Agência Sebrae