O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em discurso exaltado, reclamou das críticas dos jornais e disse que a imprensa foi “pequena” ao afirmar que ele convocou o Encontro Nacional com Novos Prefeitos e Prefeitas para anunciar medidas de apoio às prefeituras e, assim, promover a candidatura presidencial da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.
De improviso, falando para 3,5 mil prefeitos, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, Lula disse que ficou “frustrado e triste” ao ler os jornais de hoje.
Recentemente, o presidente declarou, em entrevista à revista Piauí, que não lê os jornais. “Fiquei triste como leitor, porque abusaram de minha inteligência e pensam que o povo é marionete e pensa como boi, como manada”, afirmou. “Mas acabou o tempo em que alguém achava que poderia influenciar uma eleição por ser formador de opinião.” O presidente reclamou ainda da interpretação de alguns veículos da imprensa de que o pacote de medidas anunciadas hoje de ajuda aos municípios - como o reparcelamento das dívidas das prefeituras com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) - foi um “ato de bondade” Um dos jornais, disse Lula - sem identificá-lo - “foi mais longe” ao questionar “Como o presidente vai dar dinheiro para bandido?” Lula lamentou: “Como é fácil julgar as pessoas e condenar sem dar sequer uma oportunidade para vocês provarem que não são ladrões como eles escrevem.” Sempre em tom exaltado, o presidente disse que não se poderia calar. “Outros (jornais) foram além e disseram que (o pacote de medidas) é um ato para promover a ministra Dilma Rousseff.
São pessoas pequenas.
Pouco antes, Lula tivera o constrangimento de ver o presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski, ser aplaudido de pé pelos 3,5 mil prefeitos presentes ao reclamar do governo federal, afirmando que o plano de repactuação das dívidas das prefeituras com o INSS é insuficiente.
O governo anunciou que essas dívidas, antes pagas em 60 meses, passarão a ser quitadas em 240 meses ‘Insinuações grotescas’ No discurso, Lula centrou seus ataques na imprensa. “Não é porque a imprensa me ajudou que fui eleito, mas porque suei para enfrentar o preconceito e o ódio dos de cima para com os de baixo”, afirmou. “Eu posso ter a minha postura, mas não perco a minha vergonha e o meu caráter”, declarou, qualificando as interpretações de jornais de “insinuações grotescas” Enquanto Lula discursava, assessores do Palácio do Planalto também reclamavam do enfoque da imprensa sobre o encontro dos prefeitos.
Comentavam que a reunião havia sido marcada há muito tempo e que, portanto, não era justo associar sua realização com a futura candidatura da ministra Dilma Rousseff à Presidência da República Da Agência Estado