Da Agência ANSA Milão - O ministro da Defesa italiano, Ignazio La Russa, declarou neste domingo que a Itália não pode “engolir a difamatória afirmação” de que Cesare Battisti seria “torturado” se fosse extraditado, como alegou o governo brasileiro ao conceder a ele o status de refugiado político. “Abrimos os braços ao governo de Lula, mas não podemos aceitar engolir a difamatória afirmação de que se Battisti viesse à Itália seria torturado”, afirmou La Russa, que participava hoje de uma manifestação realizada em Milão pela extradição do ex-militante do Proletários Armados pelo Comunismo (PAC).

Ao conceder o status de refugiado ao italiano, o ministro da Justiça brasileiro, Tarso Genro, alegou a existência de “um fundado temor de perseguição [contra Battisti] por suas opiniões políticas” em seu país.

Ontem, o argumento de Genro foi reforçado pelo secretário-executivo do Ministério da Justiça, Luiz Paulo Teles Ferreira Barreto, que afirmou que a legislação brasileira de tratamento aos refugiados se baseia nos instrumentos internacionais, como o que determina a “proibição de devolver o indivíduo para um país onde sua vida, liberdade ou integridade física corram riscos”.

Para hoje foi marcado um cortejo em Milão, iniciado na Piazza San Babila com destino à sede de uma companhia aérea brasileira.

No percurso, os manifestantes passaram em frente ao consulado brasileiro. “Fiquem tranqüilos, porque aqui, infelizmente, os terroristas aparecem na televisão para apresentarem seus livros, são custodiados”, disse La Russa respondendo ao Brasil. “Não somos contra o povo brasileiro, mas os italianos não devem se arriscar a ir ao Brasil, pois podem encontrar na praia do Rio o terrorista Battisti, que foi delatado por seus cúmplices”, voltou a afirmar o ministro, que recentemente pediu um ‘boicote turístico’ ao Rio de Janeiro.

Sobre o amistoso que será disputado na próxima terça-feira em Londres, que também já havia sido alvo de suas críticas, La Russa declarou apenas que “a partida não tem nenhuma importância, queremos Battisti na Itália”.

Cesare Battisti, de 54 anos, foi condenado à prisão perpétua na Itália por quatro assassinatos cometidos na década de 1970, e se tornou o pivô de uma crise diplomática entre os dois países, devido aos argumentos do ministro Tarso Genro, ao anunciar sua decisão.

O governo italiano pediu a revisão do processo e a possibilidade de se manifestar sobre o caso.

A decisão agora está a cargo do STF, que deve ratificar ou não a decisão do Brasil ou apoiar a extradição do italiano.

O Supremo deve anunciar seu parecer até o início de março.