Da Folha Online, em Brasília O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), reagiu à reportagem publicada pela revista britânica “The Economist”, que classifica sua eleição como uma “vitória para o semifeudalismo”.

Sarney venceu a eleição para a presidência do Senado.

Por meio de assessores, Sarney disse que a reportagem é “imprecisa e leviana”.

O peemedebista vai analisar a publicação para decidir se tomará medidas judiciais contra a revista.

Sarney lamentou que uma revista “da responsabilidade da Economist venha com uma matéria tão imprecisa e leviana”.

O peemedebista argumenta que, ao contrário do que afirma a revista, o centro histórico de São Luís (Maranhão) foi totalmente restaurado no governo de sua filha, Roseana Sarney (PMDB).

A reportagem, intitulada “Onde dinossauros ainda vagam”, comenta o passado político de Sarney e o número de vezes em que foi eleito para cargos públicos, afirmando que talvez fosse “hora de (Sarney) se aposentar”. “Sarney pode parecer um regresso a uma era de políticas semifeudais que ainda prevalecem em alguns cantos do Brasil e puxam o resto dele para trás.

Mas, com o apoio tácito de Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente de centro-esquerda do país, ele foi escolhido esta semana para presidir o Senado”, diz a revista. “Esta é a terceira vez em sua carreira que ele ocupa esse cargo poderoso, que dá a ele um grau de controle sobre a agenda do governo e oportunidades para nomear funcionários públicos.” De acordo com a revista, a escolha de Sarney vai fortalecer seu poder no Maranhão, “onde alguns moradores mantinham esperanças de que sua influência estivesse começando a ruir”. “O centro de São Luís está decrépito”, diz a Economist. “As ruas estão cheias de buracos e a cidade conta com um número extraordinário de flanelinhas.

Só no mês passado, houve 38 assassinatos na cidade de 1 milhão de habitantes”.

A reportagem afirma que no interior do Estado o atraso é “mais evidente”, e cita o exemplo da cidade de Sangue, onde “muitas pessoas vivem em casas de um só cômodo, cujo telhado é feito de folhas de palmeiras, e que não têm nem água nem eletricidade”. “Os avanços educacionais no Estado são ruins.

Sua taxa de mortalidade infantil, de 39 por mil nascidos vivos é 60% mais alta do que a média brasileira”, cita a revista.

A Economist diz que não é incomum que apenas um homem ou uma família domine Estados no nordeste, mas que isso estaria mudando.

Mas o controle da família Sarney no Maranhão é reforçado pelo fato de ela ser proprietária de uma estação de TV que passa programas da Rede Globo e que, no meio das novelas, “costuma exibir reportagens favoráveis ao clã”, diz a revista.