value=“https://www.youtube.com/v/QFWZDiY0ccw&hl=pt-br&fs=1"> name=“allowFullScreen” value=“true”> name=“allowscriptaccess” value=“always”> src=“https://www.youtube.com/v/QFWZDiY0ccw&hl=pt-br&fs=1" type=“application/x-shockwave-flash” allowscriptaccess=“always” allowfullscreen=“true” width=“425” height=“344”> Por Felipe Lima Izabel Cristina dos Santos foi presa por tráfico.

Mas até hoje não se conforma que tenha sido sentenciada a três anos e seis meses de reclusão por “uma dólar” de maconha.

Dez gramas escondidas dentro do bolso de uma bermuda e levadas por um mototáxi de Surubim para seu marido, que estava preso na cadeia da cidade.

Descoberto, o mototaxista não pestanejou em delatá-la. “Foi a mulher de Nego Jr”.

Era um sábado.

O ano 2006.

Após ter escondido a maconha nas roupas do marido, que ela mesma lavava, Izabel foi ganhar seu trocado.

Trabalhava como garçonete em um cabaré da cidade.

O estabelecimento ficava no alto de uma ladeira.

Certa hora, ela encostou-se na janela e viu longe, lá embaixo, o carro da polícia vindo em direção ao local.

Resignou-se.

Sabia que iria para a cadeia.

Despediu-se das colegas, que não entendiam nada do que estava acontecendo. “Avisa para a minha mãe que eu fui presa” foi o recado que deixou. “Eu não me conformo.

Fui presa por uma dólar de maconha.

Os policiais já chegaram me dizendo que eu ia pegar um 12 (artigo 12 da Lei n° 6.368: tráfico de substância entorpecente).

Vai para casa mais tarde!

Vai conhecer a Colônia!”.

Sua mãe também se mostrou incrédula.

Chorou bastante, mas se ateve ao argumento de que era um absurdo ser presa por uma quantidade tão pequena. “É assim mesmo.

Eu errei.

Hoje sei que passar um fino já dá tráfico.

Imagine uma dólar que custou R$ 5.

Mas é fogo.

Tem gente que cai com 15 quilos e sai rapidinho”, reclama.

Os insultos que recebeu quando chegou à cadeia, Izabel guarda na lembrança. “Me chamavam de galega de farmácia enquanto eu passava pelas celas.

Mas todo o tempo que eu estive lá eu nunca quis procurar briga.

Tinha esperança de sair logo.

Nunca peguei um castigo”.

As gozações não foram nada comparadas à raiva que sentiu quando o seu marido teve permissão para lhe visitar. “Ele chegou com olhos cheios d’água.

Eu disse pra ele que agora era tarde, que era para ter pensado em mim antes.

Acabei tudo lá mesmo”, conta, sem um pingo de remorso.

Na cadeia, ganhou o apelido de Barata.

Conta que engordou, ganhou buchecha. “Nem conseguia ver as minhas pernas por causa do tamanho da minha barriga.

Ai decidi fazer um regime”.

Da comida da prisão - a “bóia” - só tem más lembranças.

Já das colegas, lembra com carinho.

Fez amizades e deixou saudades na Colônia Penal Feminina do Recife.

Aprendeu a fazer artesanato e tatuagens.

Frutas de isopor para decorar mesas, máscaras de carnaval e produtos com material reciclado.

Quando achava que iria conquistar a liberdade veio o maior dos revezes.

Izabel alega ter sido acusada por outro processo.

Afirma que havia outra Izabel Cristina na cadeia, condenada por assalto, e que por isso, no dia em que estava pronta para arrumar suas coisas, recebeu a notícia de que não poderia sair. “Chorei bastante, estavam me acusando de algo que não tinha feito”.

Junto com seu advogado brigou bastante até provar através de sua filiação que não era a Izabel Cristina que teria que amargar mais anos dentro da prisão. “Fiquei presa à toa”, diz revoltada.

Recebeu conselhos de colega para processar o juiz que não lhe liberou, mas preferiu deixar quieto.

Não queria mais confusão. “Só queria ir para casa.

Não vou deixar que me humilhem ainda mais mandando eu pagar por uma coisa que eu não fiz”.

Mas o seu dia chegou.

Com um copo de café na mão, Izabel ouviu o grito no fundo do refeitório: “Barata!”.

Se aproximou e escutou as frases que aguardou tanto tempo.

Tanto tempo que terminou desconfiando quando viu as palavras saindo da boca do agente. “Tu vai embora.

Quer ir para casa?

Vá arrumar suas coisas!”.

Cumpriria o resto da pena em regime aberto.

A descrença logo se transformou em felicidade.

Saiu correndo, ouvindo as colegas todas gritando seu nome.

Deixou o lençol e um monte de outras coisas.

Não queria levar nada daquele lugar.

Ligou para casa para que alguma das suas seis irmãs fosse lhe buscar.

Esperou na frente da prisão e nada.

Decidiu pegar um táxi.

Eram 6h da manhã. “Fiquei bestinha, olhando para um lado e para outro.

Fui para a Igreja no mesmo dia, pedir para nunca mais voltar para a cadeia”.

Izabel é mãe.

Depois de ser presa, passou um ano e dez meses para ver a filha.

Na verdade, é mãe biológica.

Com medo de não poder sustentar a menina e trabalhando em um cabaré, achou por bem pedir para a sua patroa cuidar da garota.

Hoje briga para conquistar o direito de poder ver a filha ao menos nos finais de semana.

A garota mora na cidade de Vertentes, próximo a Surubim, no Agreste. “Ela ficou com a menina de graça.

Acho que faz cinco meses que não vejo ela.

A passagem de ônibus é muito cara.

Queria ela do meu lado, já entrei na justiça.

Ela vai fazer nove anos, aprendeu a fazer bordado.

Quando tiver condições vou levar para ela umas lãs que me pediu da última vez que a gente se falou.

Gostaria de ter condições para criar minha filha”, lamenta, divagando um pouco, deixando a mente fugir, buscando ficar mais próxima da criança ainda que em pensamento.

Uma proximidade que nesses nove anos nunca foi possível ser atingida Outro grande sonho de Izabel é sedimentar a sua carreira de DJ. “Ah!

Faço o maior sucesso lá onde eu moro.

Já tirei umas trinta cópias do meu cd com músicas de brega”, fala radiante.

A vinheta colocada no meio das músicas anuncia a artista.

DJ Cristina, “a sensação de Jardim alto”.

Com o primeiro salário de reeducanda na Brastex – na próxima terça-feira ela completa duas semanas na empresa – pretende comprar os equipamentos necessários para “botar um som” nas festas. “Sou boa nisso.

Quero ganhar meu trocado nesse ramo.

Animo qualquer festa.

Se for de crente eu só boto música de crente”, faz a propaganda.

Além disso, quer começar a decorar a casa do seu jeito.

Nela, todos os móveis serão amarelos, do sofá (alto, de preferência) ao rack onde vai colocar a TV.

A mesa será do tipo tubular, com seis cadeiras.

A cozinha toda branca. “Hoje minha casa num tá na moda não”, brinca.

O sorriso no rosto, as piadas, a animação e até o jeito meio despachado de falar só desaparecem quando Izabel lembra do preconceito. “Sou ex-presidiária, toda cheia de tatuagem e durmo com mulheres.

Quem me conhece me trata bem, mas outras pessoas não. É muito ruim ser discriminada.

Passo na rua e percebo que as pessoas estão falando de mim.

Evito confusão, mas tem hora que eu dou um baile.

Viva a sua vida que eu vivo a minha.

Coloco logo uma cara feia.

Posso ser uma presidiária, mas estou trabalhando.

E vocês que não estão fazendo nada!”. value=“https://www.youtube.com/v/IvKNEdT6Pbc&hl=pt-br&fs=1"> name=“allowFullScreen” value=“true”> name=“allowscriptaccess” value=“always”> src=“https://www.youtube.com/v/IvKNEdT6Pbc&hl=pt-br&fs=1" type=“application/x-shockwave-flash” allowscriptaccess=“always” allowfullscreen=“true” width=“425” height=“344”> Veja também value=“https://www.youtube.com/v/nVj73a8XBvs&hl=pt-br&fs=1"> name=“allowFullScreen” value=“true”> name=“allowscriptaccess” value=“always”> src=“https://www.youtube.com/v/nVj73a8XBvs&hl=pt-br&fs=1" type=“application/x-shockwave-flash” allowscriptaccess=“always” allowfullscreen=“true” width=“425” height=“344”> Leia os outros posts da reportagem especial: Participe de enquete no JC OnLine Tapa na cara ainda ecoa, há 2 anos, mas trabalho exorciza discriminação e renova vida Ex-mula de maconha sai da cadeia para a história do trabalho na América Latina Dezoito mortes, um arrependimento e a primeira carteira de trabalho assinada aos 57 anos Mãos que já mataram venderão produção pernambucana para o Brasil e o mundo Trabalho, uma arma para a recuperação social Série do Blog de Jamildo aponta alternativa para melhorar o Pacto pela Vida de Eduardo