Por Luciano Siqueira Não se deve entender a presença do prefeito João da Costa na abertura dos trabalhos legislativos na Câmara Municipal, segunda feira última, como mero gesto de cortesia.
O discurso que pronunciou – preciso e abrangente -, mais do que a reafirmação de princípios e intenções, refletiu a disposição de dar um passo adiante na abordagem dos problemas cruciais da cidade no contexto metropolitano e do atual ciclo de crescimento econômico que se dá no estado e na Região.
Propôs o prefeito a construção de um plano estratégico para o desenvolvimento da cidade nos próximos dez anos.
Mais: convidou a Câmara Municipal para compartilhar essa empreitada com o Executivo.
João da Costa retoma, assim, uma idéia nutrida no início do primeiro governo liderado por João Paulo que não fomos capazes de concretizar. É que todo governo que se pretende efetivamente de mudanças experimenta permanente tensão entre o imediato e o estratégico.
Vislumbra a necessidade de abordar as questões candentes numa perspectiva de longo prazo, estruturante; e no entanto se vê cotidianamente mergulhado na tentativa de resolver demandas de ontem, que o consomem.
Nos nossos dois governos sucessivos recém-finalizados avançamos muito.
Iniciamos um novo ciclo marcado pela democratização da gestão; pelo incremento de políticas públicas orientadas pelo ideal de uma cidade fisicamente organizada, economicamente sustentável e socialmente justa; e pela resistência às políticas neoliberais vigentes.
Superamos paradigmas, ousamos mudar a base conceitual e técnica de importantes políticas públicas, alteramos atitudes.
A introdução do conceito do saneamento integrado, a reformulação do conteúdo e da forma do Orçamento Participativo, a implantação da política da assistência social em sintonia com a LOAS são algumas expressões disso.
Entretanto, por falta de fôlego ou agilidade não fomos capazes de construir um plano estratégico mirando a evolução da cidade na próxima década.
A tarefa agora retomada pelo novo prefeito impõe-se como prioritária - inclusive na agenda da Câmara Municipal.
Cidade pólo da metrópole que abriga mais de três milhões e meio de habitantes, o Recife tem diante de si novas demandas, desafios e oportunidades que se apresentam em decorrência do novo ciclo de crescimento econômico que se inicia em Pernambuco, a partir dos empreendimentos industriais de ponta situados no Complexo Portuário de Suape, que implica em impactos sobre a vida da cidade.
Uma situação nova na qual se impõe a prioridade de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento econômico com distribuição de renda, ampliação do emprego, valorização do trabalho, sustentabilidade ambiental e afirmação de nossa identidade cultural.
Isso se dará, na abordagem estratégica proposta por João da Costa, mediante amplo diálogo com a sociedade. À Camara Municipal caberá um papel relevante nesse diálogo.