Por Sheila Borges, de Política / JC Depois de um período turbulento marcado pela campanha eleitoral e pelo escândalo das notas fiscais irregulares - apresentadas por vereadores e ex-vereadores para justificar gastos com as verbas indenizatórias -, a Câmara Municipal do Recife abre amanhã uma nova legislatura.

Será presidida por um vereador estreante, Múcio Magalhães (PT), ex-secretário de Governo do Recife na gestão João Paulo (PT).

Para chegar ao Legislativo, os 37 vereadores eleitos em 2008 desembolsaram juntos aproximadamente R$ 3 milhões – quase o valor declarado pelo prefeito João da Costa (PT), que gastou cerca de R$ 2,8 milhões na disputa majoritária.

Se compararmos este montante ao custo da campanha de 2004, os recursos declarados em 2008 foram bem superiores.

Há quatro anos, os 36 vereadores eleitos do Recife informaram à Justiça Eleitoral que as despesas de todos chegaram a R$ 1,9 milhão.

Este ano, os maiores financiadores da disputa proporcional do Recife foram os próprios vereadores eleitos (veja arte).

Doaram juntos R$ 664,4 mil, segundo informaram à Justiça Eleitoral.

O mais generoso foi Roberto Teixeira (PP), que fez um aporte de R$ 120 mil.

Quase tudo o que gastou para se reeleger, R$ 160,8 mil.

Em segundo, ficou o estreante Inácio Neto (PTN), que bancou toda a campanha, desembolsando R$ 76 mil.

Depois dos próprios candidatos, os maiores financiadores foram os partidos que, juntos, doaram R$ 381,6 mil.

Isso aconteceu porque muitos colaboradores preferiram transferir dinheiro para as legendas com o objetivo de não aparecer nas prestações de contas dos proporcionais.

Na planilha levada à Justiça Eleitoral quem figura é a agremiação que repassou a contribuição.

O PSDB foi a sigla que deu o maior aporte, R$ 115 mil.

Todo o montante foi depositado na conta de campanha de Aline Mariano (PSDB), a mais cara – declarada – desta eleição.

No total, ela arrecadou R$ 217,6 mil e gastou R$ 217,5 mil.

O PSB também foi generoso, repassou R$ 104,8 mil para Marília Arraes (R$ 54,8 mil) e João Arraes (R$ 50 mil).

O PT foi a terceira legenda que mais financiou vereadores eleitos, transferiu R$ 82,6 mil, distribuindo o dinheiro entre Jurandir Liberal (R$ 30,7 mil), Luis Eustáquio (R$ 30 mil) e Josenildo Sinésio (R$ 20 mil).

Também colaborou com candidatos eleitos por outras siglas: Amaro Cipriano (R$ 1,2 mil) do PDT e Vicente André Gomes (R$ 770,00) do PCdoB.

O DEM fez doações para Marcos Menezes (R$ 22,8 mil), Priscila Krause (R$ 21,9 mil) e Romildo Gomes (R$ 21,5 mil) - os dois primeiros também estão no ranking das dez campanhas mais caras de 2008.

Na eleição de 2004, os maiores doadores foram as pessoas físicas, que contribuíram com 734 mil.

Em segundo, as empresas ligadas ao comércio e às prestadoras de serviço com R$ 300 mil.

Este ano, este mesmo setor ficou em terceiro (R$ 281,7 mil), perdendo apenas para os próprios vereadores eleitos e os partidos.

As construtoras que, tradicionalmente, pavimentam as campanhas políticas desceram no ranking das contribuições.

Doaram apenas R$ 52,5 mil.

As usinas repassaram R$ 40 mil.

O setor bancário apareceu apenas na prestação de contas do vereador estreante Eri (PTC), que, no total, arrecadou R$ 47,4 mil.