Da Veja desta semana O presidente Lula deu mais uma prova de que a candidata do PT à Presidência da República no próximo ano será mesmo a ministra Dilma Rousseff.

E não foi uma prova qualquer.

A alta popularidade do governo sempre foi usada por alguns petistas amalucados como argumento sólido para tentar mudar a Constituição e criar a possibilidade de um terceiro mandato para Lula.

O autor oficial da proposta, o deputado Devanir Ribeiro, do PT de São Paulo, amigo e compadre do presidente, articulou durante quase dois anos a apresentação de uma emenda que previa, entre outras coisas, a convocação de um plebiscito sobre o tema.

O parlamentar anunciou que finalmente desistiu da ideia.

Vai comunicar sua decisão ao partido e, o mais significativo, fará isso atendendo a um pedido direto de Lula. “O presidente não quer a re-reeleição, a proposta não tem o apoio da sociedade e o PT já tem um candidato”, explica Devanir, que esteve com Lula no fim do ano passado, no Palácio do Planalto, convocado exclusivamente para discutir o assunto.

O presidente, segundo o deputado, foi taxativo: disse que está cansado, que oito anos de mandato é tempo suficiente e a alternância de poder é importante para a democracia.

Lula bem que poderia ter chamado Devanir Ribeiro em 2007, quando o deputado anunciou sua proposta, e encerrado a discussão, revelando antes o agora propalado apreço à democracia.

Como não o fez, ficou a impressão de que a proposta era uma espécie de curinga a ser sacado de acordo com a conveniência política.

Agora, para não criar constrangimentos à candidatura de Dilma Rousseff, o presidente chamou o deputado e lhe pediu que esquecesse o assunto. “Eu vou avisar ao PT que o presidente não quer o terceiro mandato e que eu retiro as minhas propostas”, disse Devanir.

Na próxima semana, Lula dará posse ao ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, do PT, como ministro responsável pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico Social.

O cargo é apenas um pretexto para trazê-lo a Brasília.

O conselho, que teve alguma relevância no início da era Lula, está esvaziado e hoje é comandado pelo ministro das Relações Institucionais, José Múcio.

A verdadeira missão de Pimentel será coordenar a campanha presidencial de Dilma.

Ele será o braço-direito da candidata, exercendo na primeira fase da campanha uma fusão das funções que José Dirceu e Antonio Palocci tiveram na eleição de Lula, em 2002.

A democracia funciona assim.