Por Luciano Siqueira Segunda feira próxima de iniciam os trabalhos legislativos em todos os 5.564 municípios brasileiros.

Em boa parte deles sob a expectativa de confronto entre as bancadas governistas e a da oposição.

O Recife é um desses casos - a despeito da larga maioria inicialmente constituída em apoio ao governo e da consequente limitação numérica dos que se situam na oposição.

A correlação de forças, nitidamente desigual, não impede o confronto de idéias e proposições.

O autor dessas linhas, como se sabe, tomará parte da cena como representante do PCdoB (e líder da bancada comunista) e, portanto, integrante da base governista.

Terá, assim, uma irrecusável tarefa a cumprir – e pretende cumpri-la inspirado no mais elevado espírito democrático.

Não poderá ser diferente.

O debate é necessário.

A cidade, em permanente construção, reclama a consolidação do que lhe faz bem e a adoção de políticas públicas e ações que lhe permitam superar contradições, insuficiências e precariedades.

O governo agirá nesse sentido, conforme as linhas submetidas à população na pugna eleitoral.

A oposição discordará de muita coisa (perdeu a eleição com proposições de natureza distinta), embora possa apoiar umas tantas outras.

Sem motivos para agressões mútuas ou atitudes intolerantes.

A oposição é necessária.

No mínimo contribui para que os propósitos e as iniciativas do governo sejam melhor esclarecidas.

E na medida em que paute sua ação pelo questionamento da essência do projeto político-administrativo ora hegemônico na cidade, estará contribuindo – pela sempre útil polêmica – para elevar o nível da disputa.

Porque é isso mesmo – uma disputa de projetos.

Mesmo que aqui e acolá isso possa seja esmaecido por cobranças localizadas e críticas rasteiras e infundadas.

A própria pauta legislativa, já no primeiro semestre, dará azo a que situação e oposição se debrucem sobre questões essenciais da vida na cidade, a partir mesmo do exame do PPA (Plano Plurianual) a ser apresentado pelo novo governo, da Lei Orçamentária e de matérias como a atualização da Lei de Uso e Ocupação do Solo.

Mais: hoje já não é possível tratar de questões como essas desconectadas do que acontece no país e no estado.

Basta que se tenha como exemplo as repercussões da crise global sobre a economia e a gestão pública brasileira e suas implicações sobre o desenrolar do novo ciclo de crescimento que se inicia em Pernambuco e, por conseqüência, sobre o poder de fogo do poder executivo local.

Que venha o bom debate – para o bem da própria Câmara Municipal, que assim se fortalece; e para a elevação da consciência política dos habitantes da cidade.

PS: Luciano Siqueira é vereador do Recife e escreve ao Blog sempre às quartas-feiras.