O PSDB condenou o governo por recorrer a uma medida protecionista para conter as perdas no comércio exterior.

Parlamentares tucanos consideraram a atitude inoportuna, um retrocesso na competitividade do país, além de abrir brechas para a corrupção estatal e a condenação internacional. “Em pânico com o efeito da crise global sobre a balança comercial do país, que já perdeu US$ 645 milhões este ano, o governo impôs desde segunda-feira uma barreira burocrática para dificultar o ingresso de vários produtos no país.

Demos um grande passo para trás.

Retrocedemos duas décadas”, comentou o deputado Paulo Renato Souza (SP), no site do PSDB.

Para Paulo Renato, a tentativa de reduzir importações pela via burocrática feriu a imagem moderna conquistada pelo Brasil. “Ao colocar o Estado onde não deveria estar, o governo cria controles que não ajudam as empresas e podem até aumentar o desemprego”, disse.

O Ministério do Desenvolvimento passou a cobrar licenças prévias de importação (LI) para 17 setores, que representam mais de 60% das importações.

A liberação da entrada do artigo importado precisa agora ser analisada, o que pode demorar até 10 dias. “Os desequilíbrios atuais na balança comercial são fruto de equívocos na política cambial do atual governo, que levam tempo para serem corrigidos”, explicou o deputado.

Para ele, o correto seria facilitar a produção e incentivar investimentos diretos.

Ele espera que o governo reveja a exigência imediatamente.

O deputado Luiz Paulo Vellozo Lucas (ES), presidente do Instituto Teotônio Vilela (ITV), do PSDB, considerou a medida protecionista afinada com as recentes mudanças do discurso do governo diante da crise, cada vez mais retrógrado. “O governo capitalizou com o período de expansão econômica mundial e seus dividendos no social.

Agora, quando sinais recessivos chegam, muda a fala como antiliberal, culpando a globalização pela crise”, disse.

Entre os setores mais afetados pela barreira não-tarifária estão plásticos, borrachas, ferro, aço, bens de capital, têxteis, autopeças, automóveis e tratores.

O Ministério do Desenvolvimento sustenta que o procedimento é temporário e só serve para fazer monitoramento estatístico das importações. “O governo está sem rumo.

Esse protecionismo tupiniquim foi uma reação improvisada, fora de hora e pode nos causar problemas ainda maiores”, disse o deputado Luiz Carlos Hauly (PR).

Segundo ele, se a ideia era retaliar a Argentina, acabamos agredindo o Mercosul. “Precisamos de planejamento de curto e longo prazos para enfrentar a crise e não de trapalhadas”, acrescentou.