Por Marcos Toledo, do Caderno C / JC GARANHUNS - Conhecido nacionalmente pelo charme de seu Festival de Inverno, mesmo no verão este município conta com uma temperatura bacana, muito diferente do sol-quente-de-lascar do litoral.

Contudo, esta terceira semana de janeiro começou por aqui marcada por um clima diferente, de mistério. É que começaram as filmagens do longametragem Lula, o filho do Brasil, obra da Produções L.C.

Barreto dirigida por Fábio Barreto a partir da adaptação do livro homônimo da jornalista Denise Paraná, e que conta a história do atual presidente da República desde o nascimento até sua ascensão como líder sindicalista, em 1980.

Nas ruas, a população demonstra saber pouco a respeito da produção além do que é divulgado na imprensa. “Peguei pelo rádio logo cedo”, disse o aposentado Francisco João Dias, 65 anos, frequentador da praça do canteiro central da Avenida Santo Antônio, no Centro.

O rádio tem sido o principal veículo de divulgação das filmagens na região onde nasceu Luiz Inácio da Silva.

Dois periódicos locais, o Jornal Cidade, nas bancas desde o dia 10, e o Correio Sete Colinas, cuja edição atual circula durante toda a primeira quinzena do mês, trazem o assunto como manchete (este último, por sinal, traz uma reprodução não-assinada, na íntegra, de matéria publicada pelo no dia 6 passado).

Por determinação dos produtores, a imprensa só vai ter acesso ao set de filmagem oficialmente a partir de hoje.

Porém, a reportagem antecipou a chegada no município e já encontrou algumas pessoas que, direta ou indiretamente, estão envolvidas com o projeto. É o caso de Sandra e Alfredo Bertini, realizadores do Cine PE: Festival do Audiovisual, que prestam uma consultoria informal para o longa. “A gente está ajudando, como ajudaria a qualquer filme”, afirmou Alfredo Bertini.

O casal de produtores conversava ontem pela manhã com o maestro Cussy de Almeida e a esposa dele, Suzana Costa, que interpretou a parteira do bebê Lula em uma das primeiras cenas rodadas.

Nitidamente feliz com sua participação, a atriz contou que foi contatada há cerca de um mês e meio pelo coordenador do casting pernambucano, Rutílio Oliveira, para participar dos testes. “Eu fugia do tipo que eles queriam, franzino, mas acho que deu química e deu certo”, atestou. “É uma equipe muito legal.

Glória Pires é realmente uma glória.

Vem de Paris para Caetés (município vizinho que, quando Lula nasceu, era distrito de Garanhuns) e parece que está com a gente desde sempre.

Foi uma participação pequena, mas gostei.” Suzana, que se emocionou bastante durante a filmagem, lembrou que montou sua personagem baseada na relação mística que as parteiras têm com as mães.

Durante a preparação, conversou com uma parteira na comunidade do Coque, no Recife.

Uma das frases que ouviu durante a pesquisa - “Bota força para baixo” - acabou incluída no script. “Benzi bem benzido para esse menino ser presidente”, brincou a atriz, que se encontrou no set com outros atores do Estado, como Jones Melo e José Ramos.

O primeiro encarna o dono de uma venda que compra os bens de Eurídice (Dona Lindu), mãe de Lula, antes de ela viajar com a família para São Paulo; Ramos interpreta o motorista do caminhão pau-de-arara.

PS: As fotos são de Hélia Scheppa / JC Imagem.