46 ANOS DEPOIS Por Jayme Asfora Um discurso histórico, proferido por um homem de origem afro-americana, na capital do país mais rico do planeta.

Um discurso a ser lembrado pelas próximas gerações como aquele proferido por um pastor negro, naquela mesma capital, 46 anos antes.

Ontem, era um sonho.

Hoje, a certeza de que “sim, nós podemos”.

Barack Obama já é um personagem da história contemporânea, assim como Martin Luther King.

E as palavras ditas em Washington na última terça-feira, dia 20 de janeiro de 2009, serão tão lembradas quanto aquelas de 28 de agosto de 1963.

Barack Obama, pelo menos em suas palavras, mostrou que a grandeza dos ideais devem sempre estar acima das ambições pessoais.

E ele lembrou bem que a Constituiçã americana - datada de 1787 e até hoje em vigor - preza o cumprimento das leis e o respeito aos direitos humanos.

Se esse respeito não vinha sendo levado em conta nos últimos anos, na prática, Obama já mostra que pretende reconduzir os Estados Unidos de volta aos princípios constitucionais, ao determinar a suspensão dos processos na Prisão de Guantânamo e planejar o seu fechamento.

Mas o novo presidente americano também deu mostras de que o tom belicoso que marcou a Era Bush, de fato, não será mantido pelos próximos quatros anos.

Cooperação e entendimento.

Foram essas palavras-chave utilizadas por Obama em discurso quando referiu-se a questões que envolvem outras nações. É possível observarmo que não será com ataques ou guerras que o novo presidente pretende agir para dizimar conflitos.

Será o diálogo, e não as armas, a sua principal ferramenta de atuação. “O mundo mudou, e precisamos mudar com ele”, afirmou Barack Obama.

Esse é reconhecimento do homem que, a partir de agora, comanda os Estados Unidos. É o reconhecimento de que, por mais rico que seja, por mais armamentos que possua, por mais poder que detenha, os Estados Unidos não podem mais acreditar que tem em suas mãos as rédeas do mundo.

Para Obama, o futuro é o de uma era de paz.

E, acreditemos nisso porque, “sim, nós podemos”.

PS: Jayme Asfora é presidente da OAB-PE e escreve para o blog às quintas.