Depois do Ministério do Trabalho ter confirmado o pior índice histórico de desemprego no Brasil, registrado de dezembro, o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra, disse que “é conveniente que o presidente da República compreenda que o momento é para refletir e somar esforços.

Não é hora de exportar, para a oposição ou para qualquer outro setor, a culpa por uma crise cujo enfrentamento cabe ao governo liderar.” O desemprego registrado em dezembro, o maior desde 1999- quando o governo passou a divulgar os números, levou a perda de 654.946 vagas com carteira assinada, o que mostra um agravamento da crise econômica mundial e eleva a pressão sobre o Banco Central brasileiro para reduzir juros. É nesse contexto que o Comitê de Política Monetária (Copom) decidirá amanhã (21/01) sobre a taxa básica de juros (Selic).

O PSDB está preocupado e espera mais iniciativa e menos retórica do Presidente da República.

Para o senador Sérgio Guerra, o correto é que todos - partidos políticos, empresários e sociedade em geral - tenham “grande capacidade de entendimento” para “enfrentar as crescentes dificuldades que se apresentam com o menor custo possível para o país e para a população brasileira”.

Choque de realidade Representantes do PSDB na Comissão de Trabalho da Câmara acreditam que o choque de realidade desse começo do ano vai obrigar o governo a tomar atitudes concretas. “Esses dados irão orientar o Copom.

A expectativa é que se inicie uma trajetória de queda da Selic, sintonizando o Brasil com o resto do mundo”, prevê o deputado tucano João Campos (GO).

Eduardo Gomes (TO), também da Comissão do Trabalho, acredita que os discursos otimistas do Planalto até o fim de 2008 já perderam o sentido diante da onda de demissões".

O deputado lamenta que milhares de famílias já estejam sofrendo com as centenas de milhares de dispensas e que muitas vagas esperadas para 2009 não serão abertas.

Em dezembro, o setor industrial fechou 273.240 postos com carteira assinada no país, seguido pelo agronegócio, que demitiu mais 134.487 pessoas.

Redução de tributos O PSDB defende a adoção imediata de medidas que impeçam o fechamento de vagas e garantam renda aos desempregados.

Entre as saídas sugeridas por parlamentares tucanos, além dos investimentos em infra-estrutura e o corte das taxas de juros, estão a ampliação do seguro-desemprego e a redução geral da carga tributária.

Os alertas vêm sendo dados antes mesmo do agravamento da crise mundial, em setembro último.

O ex-ministro do Trabalho, Walter Barelli, já alertou que os resultados de janeiro tendem a ser ainda mais amargos do que os de dezembro.

Ele ressalta que o último mês de 2008 foi afetado por fatores sazonais, e que o começo do ano deve registrar com mais clareza os reflexos negativos da crise mundial.

A solução está no investimento em infra-estrutura, capitaneado pelo setor público.

Essa também é a opinião do professor José Márcio Camargo, da PUC-Rio, ressaltando que os recursos para investir na economia deveriam vir da economia de gastos correntes.