Caro Jamildo, sou servidor da Prefeitura do Recife (PCR) e convido qualquer cidadão a conferir que em todos os dias há déficit de Obstetras e Neonatologistas na Maternidade Barros Lima (a maior maternidade da PCR).
A falta de Médicos provoca assistência inadequada às gestantes e recém - nascidos que vierem a ser atendidos naquela unidade de saúde e fechamento constante de plantões.
Em alguns dias da semana, há presença de até dois Obstetras, quando o normal é se ter cinco.
A ausência de Médicos não pode ser atribuída unicamente ao desinteresse da classe em assumir postos de trabalho abertos pelo último concurso de 2008, como defende a PCR. É preciso comentar que a inexperiência de administração central da PCR é fator importante para a perpetuação desta situação.
Mister se faz saber que em setembro de 2008 doze Médicos que após serem aprovados neste último concurso, terem seus nomes divulgados em Diário Oficial da PCR e já estarem exercendo suas atividades profissionais foram sumariamente EXONERADOS !
Isso mesmo: EXONERADOS!
Notamos assim que esta medida em nada veio ajudar a precária situação de falta de plantonistas.
Muito pelo contrário, acentuou ainda mais o problema na escala de plantonistas, prolongando o sofrimento de Médicos,Gerentes e população.
A alegação da PCR para tal ato foi que sua administração cometeu um erro ao aprovar, nomear e permitir a efetivação desses profissionais, alegando que estes eram residentes de Ginecologia e Obstetrícia e Neonatologia e a sua permanência no quadro de servidores efetivos desrespeitaria o edital do concurso.
Quero deixar bem claro que tal ato se trata de uma incoerência uma vez que neste exato momento, nas policlínicas da PCR, encontram – se trabalhando dezenas de residentes de clínica Médica, Anestesiologia, entre outras especialidades, seja porque foram admitidos através do concurso de 2007(cujo edital não exigia especialização),ou através de seleção simplificada( mesmo diante da vigência de concursos realizados) ou até mesmo do concurso de 2008, mas pertencentes a especialidades Médicas mais raras e portanto difíceis de se encontrar.
Outro ponto que impede a resolução do déficit de plantonistas destas unidades de saúde e principalmente na Maternidade Barros Lima é a ingerência central que a todo instante, redistribui para outras unidades os profissionais chamados para assumir os postos vagos na maior Maternidade da PCR, apesar das verdadeiras súplicas e solicitações oficiais dos coordenadores Médicos desta , bem como das demais unidades de saúde, por novos Médicos aprovados no concurso.
Quero lembrar que, perante a lei e o CREMEPE, qualquer Médico pode assumir cargo de Medicina mediante contrato celetista ou estatutário em todo País.
Não se admite que num verdadeiro caos de saúde no qual vivemos, em muito agravado pelo déficit de profissionais Médicos nas unidades de saúde da PCR, esta exija, sob a alegação de “querer melhorar a qualidade da assistência à população”, fazer com que profissionais Médicos que ainda estão realizando especialização, sejam exonerados ou impedidos de assumir o concurso ao qual prestaram e foram aprovados.
Graças a atitudes decorrentes de gestores inexperientes e carentes de formação técnica para ocuparem seus cargos é que a PCR se encontra em um beco sem saída ao chamar Médicos aprovados no concurso.
Ao chamar outros Médicos deste último concurso, a PCR se depara agora com novos residentes (que obtiveram as melhores notas , mas não podem assumir devido a uma norma esdrúxula de edital) ou especialistas que apesar de terem prestado concurso, não querem assumir emprego público cuja carga /qualidade de trabalho e honorários fizeram que repensassem e optassem por recusar a oferta de emprego oferecida pela PCR.
Por outro lado, um simples ato do prefeito poderia revogar as demissões, atenuando o déficit de profissionais, uma vez que se mostra difícil a chegada de novos Médicos do concurso.
Desta forma, “a grande obra de cuidar das pessoas” sede lugar à lentidão, descompromisso, incoerência, ingerência, descaso, impedindo que novos Médicos assumam seus postos.
Enquanto isso, a agonia da população recifense se prolonga não vislumbrando nem um simples “cuidar ”, muito menos “uma grande obra.” Nosso novo prefeito não precisa sorrir ou ser simpático, mas uma vez ciente desta ineficiência em sua administração, tomar providências enérgicas para contornar este problema e fazer jus a sua fama de bem preparado.
Sérgio Fernandes Cabral Júnior