O último adeus ao empresário Edson Mororó Moura foi emocionante.

A cidade de Belo Jardim, a cerca de 180 quilômetros do Recife, simplesmente parou para homenagear um dos seus filhos mais ilustres.

Rompendo mais de 50 anos de trabalho contínuo, em um dia atípico, logo nas primeiras horas da manhã, a produção de baterias da unidade local foi suspensa, em homenagem ao fundador da indústria decidida pela família.

No local, trabalham 1,3 mil operários.

O prefeito da cidade, Marcos Coca Cola, também ele um ex-funcionário da unidade e depois sócio na distribuição das peças automotivas, decretou luto oficial de três dias e feriado municipal hoje.

Logo na véspera, uma carreata foi receber o cortejo fúnebre que chegava do Recife.

O corpo foi velado no colégio diocesano, no centro da cidade.

Nas primeiras horas da manhã, a fila para entrar no prédio extrapolava o quarteirão da praça.

Um caminhão de cargas teve que ser requisitado para coletar as dezenas de coroas de flores que chegaram de diversos lugares.

O Comando Militar do Nordeste e a Companhia de Engenharia de Combate, sediada na cidade, fizeram uma bela homenagem ao civil, com a realização do toque de silêncio, ainda no final do velório.

Defensor histório do Exército, o empresário recebeu a última homenagem por interferência direta do ex-ministro das Forças Armadas Zenildo Zoroastro, nascido em São Bento do Una, na divisa com Belo Jardim.

Tanto o ex-prefeito João Mendonça, como o atual, Marcos Coca Cola, fizeram discursos emocionados, encerrados sob forte emoção. “O senhor jamais será esquecido.

Vá com Deus”, afirmou Mendonça, muito ligado ao empresário.

Em suas palavras, o ex-prefeito citou um exemplo da simplicidade, que, em uma viagem a São Paulo, perguntou-lhe se não se incomodava de dividir o quarto com ele.

Para economizar. “Com ele, não havia ostentação.

Era a simplicidade em pessoa”.

Dos quatro filhos do empresário, Sérgio Moura, Pedro Ivo, Ceiça e Edson Viana Filho, todos bastante emocionados, apenas o mais velho, Edson, falou aos presentes.

Depois de agradecer o ginásio lotado, reafirmou os compromissos da empresa. “Há 52 anos, a cidade recebeu a fábrica de braços abertos.

Tanto tempo depois, ele continua sendo muito bem recebido.

Isto só reforça o nosso compromisso com os negócios na cidade”, afirmou, chorando e interrompendo o discurso em seguida. “A continuidade da obra dele é o nosso grande desafio.

Existe a demanda e o nosso compromisso.

Precisamos continuar”.

O primogênito também disse que o ilustre empresário estava muito tranquilo pouco antes de falecer, demonstrando que era um homem realizado, depois de tudo que construiu.

O corpo do empresário foi sepultado no começo da tarde, às 14 horas e 14 minutos, em uma cerimônia concorrida.

A população que lotou o ginásio e a praça principal da cidade caminhou, a pé, até o cemitério, para o último adeus, depois que a família fez uma última homenagem.

Moradores mais antigos da cidade lembravam que, quando Edson Moura começou a fábrica, há 50 anos, Belo Jardim só tinha quatro veículos, parecendo uma loucura produzir baterias para comercialização. “Edson Moura era um gênio”, afirmou João Mendonça, ex-prefeito da cidade.