Por Terezinha Nunes Acostumado, quando candidato, a viajar com jornalistas em suas andanças pelo país e a privar da amizade de vários deles, o presidente Lula vem surpreendendo pela voracidade nas críticas à imprensa.
Tanto no geral quanto no particular.
Recentemente, perguntado sobre o hábito de ler jornais, coisa que qualquer pessoa adoraria fazer e, muitas, infelizmente, não o fazem por absoluta falta de recursos, o presidente, não só disse que faz isso raramente, dando um mal exemplo à Nação, como afirmou que sentia azia só de pensar nos jornais e nos jornalistas.
Se isso tivesse saído de algum ditador de plantão nada a estranhar mas de um presidente que foi eleito de forma democrática e que vive sob o regime democrático a declaração é não só inusitada como preocupante.
Mas, afinal, nada mais elucidativo do caráter de um governante do que o exercício do poder.
Lula e, mais fortemente, o PT tem se revelado impacientes com as críticas que recebem, sejam de pessoas comuns, empresários e políticos, sejam de jornalistas.
No poder, o PT só quer aplausos e até já se cogitou e se cogita de aprovar projetos pondo rédeas na liberdade de imprensa.
Não fosse a resistência no Congresso e fora dele e já estaríamos sob censura, fato tão abominado pelos próprios petistas na época da ditadura militar.
Mas, com exceção de alguns casos isolados, a verdade é que um Governo nunca teve tanto espaço na imprensa e, em geral, positivo quanto o do atual presidente.
O presidente, evidentemente, queria mais.
E o tem.
Isso se expressa nos altos gastos do seu Governo com campanhas publicitárias.
Nada contra a utilização da propaganda para informar o que está sendo feito, porém, nada mais abominável do que dizer que está sendo incompreendido pelos jornalistas como se o Planalto não estivesse entupindo jornais, revistas, emissoras de rádio e TV e até blogs com espaço e tempo pago pelo povo para divulgar o que Lula anda fazendo.
Em 2003, primeiro ano de Lula, os gastos com a publicidade do Governo chegaram a R$ 700,5 milhões.
Em 2005 já eram de R$ 1 bilhão, 30% de crescimento sob inflação controlada.
Em 2006 foram R$ 1,1 bilhão.
O Governo chegou, só nos quatro primeiros meses daquele ano, a gastar R$ 5 milhões por dia com anúncios na imprensa.
Em 2007, os gastos caíram para R$ 900 milhões por conta de pressão da oposição no Congresso.
Agora, porém, se anuncia que para 2009, só a Secretaria de Comunicação da Presidência, aumentará em 35% os gastos com publicidade em relação ao ano de 2008.
As estatais devem repetir a dose.
Com tais gastos, se alguns jornalistas ou órgãos de imprensa nada criticassem no Governo Lula e teríamos, mesmo sem uma censura imposta por lei específica, uma ditadura via meios de comunicação.
Vai ver que é isso o que deseja o PT.
Censurar a imprensa sem que seja preciso se desgastar aprovando MPs cerceadoras, usando a maioria avassaladora de que dispõe no Congresso Nacional.