Da Agência Estado SÃO PAULO - Os empresários não pretendem aceitar a exigência de contrapartidas, por parte do governo, que tenha como objetivo a manutenção dos empregos em troca das ações que beneficiaram as empresas neste momento de crise, como a desoneração de impostos e o aumento das linhas de crédito oferecidas pelo Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

A informação é do presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, depois de se reunir na manhã desta quarta-feira, 14, com cerca de 30 empresários do Conselho Superior Estratégico da Fiesp, do qual fazem parte as maiores empresas do País.

Preocupado com a onda de demissões, o governo estuda suspender o crédito dos bancos oficiais para as empresas que insistirem em demitir trabalhadores.

Na reunião do Conselho Superior Estratégico da Fiesp, que teve como tema central os impactos da crise financeira internacional no País, os executivos foram unânimes em defender alternativas como a redução da jornada de trabalho associada à diminuição de salários e a suspensão temporária dos contratos de trabalho como alternativas às demissões motivadas pela redução da demanda.

Apesar disso, rejeitam a exigência do governo e dos sindicatos, que querem em troca a estabilidade dos trabalhadores. “Sinto de diversos setores e empresas que eles querem uma alternativa ao desemprego. É o que mais querem.

Eu destaco entre elas a redução de jornada e de salários e a suspensão temporária dos contratos de trabalho.

Não ouvi uma única opinião contrária.

Não queremos fazer nada que exija uma nova legislação”, disse Skaf, após reunir-se com o presidente da Telefônica, Antônio Carlos Valente da Silva; o da Fiat, Cledorvino Belini; da Embraer, Frederico Fleury Curado; do grupo Votorantim, José Roberto Ermírio de Moraes; da Vale, Roger Agnelli; e o copresidente da AmBev, Victorio De Marchi, entre outros.A Fiesp corrigiu a informação de que o presidente da Gol, Constantino de Oliveira Júnior, participaria da reunião. “Mas é preciso separar bem a questão da estabilidade.

Se houver entendimento em reduzir a jornada e o salário em 25% por tempo determinado, me parece coerente que haja manutenção dos empregos no tempo em que isso ficar acordado.

O bom senso tem que prevalecer.

Mas não estamos falando em estabilidade e manutenção dos empregos.

Isso não está na lei do País e em nenhuma lei de qualquer país do mundo.

A estabilidade é justamente uma das coisas que mais engessam o serviço público”, acrescentou Skaf.