Do Blog de Josias Num instante em que Lula tenta extinguir o fogo que consome as relações do PT com o PMDB, José Dirceu (PT-SP) veio à boca do palco para jogar gasolina nas labaredas.

O ex-ministro acha que, na disputa pelas presidências da Câmara e do Senado, o PT deve tratar o parceiro com os rigores da lei de talião -olho por olho, dente por dente.

Para Dirceu, está claro que “o PMDB não quer apoiar Tião Viana (PT-AC)” no Senado.

Prefere apostar na candidatura de José Sarney (PMDB-AP). “E o PT”, escreveu Dirceu em seu blog, “não pode fazer de conta que não está acontecendo nada”.

Deve dar o troco na Câmara, minando o cesto de votos de Michel Temer (PMDB-SP).

Dirceu avalia que a entrega do controle das duas Casas legislativas ao PMDB romperia “o equilíbrio de forças”.

Algo que, segundo ele, “não passará sem uma forte reação na Câmara por parte dos partidos menores e mesmo do PT.” O ex-chefão da da Casa Civil trata a arenga do Congresso como a “ante-sala” de 2010. “Queiramos ou não, esse é um fato”, anotou Dirceu. “Não adianta disfarçar”.

Acha que, se não agir, “o PT corre o risco de ficar fora da presidência das duas Casas do Congresso e de não ter o apoio do PMDB em 2010”.

Dirceu prossegue: “O PMDB parece dividido, como sempre, entre o projeto tucano [José Serra] e o do PT [Dilma Rousseff]”.

Ele lembra que só nos anos de 2006 e 2007 “a ala peemedebista que havia apoiado o governo FHC [Michel Temer à frente] passou a integrar e a apoiar o governo Lula.” E enxerga indícios de que um pedaço do PMDB ensaia o apoio a Serra, como ocorreu na disputa presidencial de 2002.

Menciona “notícias” vindas da Bahia. “Já se dá como certa a aliança PSDB-DEM-PMDB pró-Serra”, escreveu.

Uma aliança que passa pela “dobradinha” do ex-governador Paulo Souto (DEM) com o ministro Geddel Vieira Lima (PMDB).

Souto concorreria ao Senado.

Geddel disputaria o governo da Bahia, contra a recandidatura do atual governador baiano, o petista Jaques Wagner.

Como arremate das inquietações que lhe vão na alma, Dirceu lança na atmosfera uma trinca de indagações: “Até quando o PMDB, o governo e o PT vão manter essa disputa em silêncio?

Até quando fingirão que não está ocorrendo nada?

Até quando?” Como se vê, Lula talvez tenha de reforçar o estoque de sal de frutas do Alvorada.

Até 2010, o noticiário sucessório há de provocar-lhe intermináveis crises de azia.