Na Veja O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, afirmou nesta terça-feira que o governo estuda a adoção de medidas para combater o aumento do desemprego no país em decorrência da crise financeira global.

Entre as ações possíveis, está a autorização para que empresas realizem financiamentos com recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

Em contrapartida, as companhias deveriam se comprometer a não demitir empregados. “Não pode o governo brasileiro investir bilhões, colocar dinheiro público para ajudar as empresas a saírem de dificuldades e elas continuarem demitindo”, disse o ministro. “Ou essas empresas assumem o compromisso de não demitir ou o governo terá que refazer as linhas de financiamento”, disse.

Ele adiantou ainda que outras medidas estão em estudo pelo governo, e que o assunto será tratado diretamente com o presidente Lula. “Termos várias sugestões, como a extinção de horas extras, adoções de medidas sociais, isso é fundamental.

Já montamos um conselho que vai acompanhar todos os investimentos do FGTS e do FAT para exigir deles a garantia do emprego”.

O ministro admitiu ainda que, nos primeiros meses do ano, a economia deverá sentir os efeitos da crise financeira. “Teremos janeiro e fevereiro fracos em relação ao emprego e março voltando a ter o fortalecimento da empregabilidade, consequentemente pelo fortalecimento da economia”, ponderou.

Efeitos da crise - Mais cedo, o economista e coordenador de Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), André Macedo, afirmou que a queda de 0,6% registrada em novembro no nível de emprego na atividade fabril, anunciada nesta terça, dá sinais de que a crise financeira internacional atingiu a produção nacional. “Esses fatores já haviam afetado a produção industrial nos meses de outubro e novembro e agora se refletem nas variáveis do mercado de trabalho.

Sempre que ocorre um menor dinamismo na atividade produtiva ocorrem reflexos num primeiro momento no número de horas pagas e em seguida no pessoal ocupado na atividade”, afirmou.

O resultado da Pesquisa Mensal de Emprego e Salários mostra que em novembro o emprego na indústria teve o pior desempenho desde outubro de 2003, quando houve queda de 0,7%.