A banca privada continua a não cumprir o seu papel José Dirceu, em seu blog Na área econômica, duas notícias chamam a atenção hoje: a queda do chamado agronegócio e a criação de uma linha de repasse de US$ 20 bilhões das reservas do país (hoje da ordem de US$ 205 bilhões), via bancos privados, para as quase 4 mil empresas brasileiras com dívidas em dólares no exterior.
Essa linha de repasse das reservas constitui mais uma prova de que nossos bancos privados não estão cumprindo sua função básica de emprestar para gastos e investimentos, de conceder o crédito indispensável ao consumidor e às empresas.
Pelo contrário, estão cobrando dívidas, executando garantias e empresas, entesourando recursos, e assim, estrangulando a economia do país por falta de crédito.
O governo e os bancos públicos já financiaram o agronegócio, a construção civil - até as grandes construtoras -, as exportações, os carros e bens de consumo duráveis, e até os próprios bancos, dos pequenos aos grandes.
Vide, agora, o caso VotorantiM (leia BB-Votorantim: mais transparência, por favor!).
Banca privada vai liberar crédito, ou empoçar esse dinheiro?
Agora corretamente financiam as empresas brasileiras endividadas via bancos privados, aliás, como já o fizeram (a Caixa Econômica Federal, principalmente) com as exportações.
O problema é saber se os bancos vão utilizar esses recursos, ou se eles ficarão empoçados - expressão do jargão economês - como aconteceu com a ampliação dos recursos do compulsório (entesourados).
Mesmo com este aumento, na vida real as pequenas e médias empresas continuam sem crédito, ou a tê-lo com juros e garantias proibitivas.
Pena, porque como são uma das principais componentes das cadeias produtivas, dão emprego e sustentam grande parte do consumo, precisam ser apoiadas muito mais vigorosamente.
Não tem sentido o governo, que tem se destacado ao apoiar corretamente todos os setores econômicos, continuar fazendo de conta que nada está acontecendo na área do crédito às pequenas e micro empresas.