Da VEJA Quanto custa violar os sigilos bancários, fiscais e telefônicos de um cidadão qualquer?
No Brasil, os preços começam em 35 reais.
Foi por esse valor que funcionários das empresas de telefonia celular venderam a privacidade de clientes em São Paulo.
Por 800 reais, é possível levantar a movimentação bancária e a fatura do cartão de crédito das vítimas.
Se barganhar, sai por 200.
Por 1.500 reais, pode-se comprar uma declaração de Imposto de Renda extraída diretamente dos computadores da Receita Federal.
Na semana passada, uma operação da polícia paulista e do Ministério Público revelou essas transações assustadoras.
A investigação mostra que esse comércio é dominado por policiais corruptos e detetives particulares.
Eles usam como comparsas empregados das telefônicas e funcionários dos bancos e das operadoras de cartão de crédito.
As informações surrupiadas permitem que eles cometam outros tipos de crime.
Extorsão, espionagem industrial, roubos, clonagem de cartões de crédito e outras fraudes financeiras estão entre os mais comuns.
Ninguém está a salvo dessa gente.
No rol de suas vítimas, misturam-se anônimos e ilustres, como o líder do PSDB na Câmara dos Deputados, José Aníbal (SP).
A espionagem foi encomendado por Angela Bekeredjian, mais conhecida como Angela Detetive.
Uma obscura investigadora particular, Angela ganhou notoriedade depois que a apresentadora Luciana Gimenez a escalou para participar do quadro Infidelidade do programa SuperPop, na Rede TV!.
Nele, Angela ajuda a desvendar casos de infidelidade conjugal.
Os policiais e promotores ainda não se sabem quem contratou Angela para bisbilhotar José Aníbal.
Suspeitam, porém, que o caso pode ter razões políticas, porque o serviço foi encomendado no dia seguinte ao primeiro turno da eleição do ano passado.
Hoje, a pena para esses delitos é irrisória.
Varia de dois a quatro anos de prisão.
Como é muito baixa, quem é condenado nem vai para a cadeia. É comum que as penas se limitem a cestas básicas, que, de acordo com sua contabilidade, podem ser pagas com apenas duas quebras de sigilo.