Da Agência Brasil São Paulo - O empresário árabe Armando Salim gastou cerca de R$ 1.600 para participar hoje (9), em São Paulo, de um protesto contra a ofensiva israelense sobre a Faixa de Gaza, iniciada em 27 de dezembro passado.
Com o dinheiro, Salim comprou cerca de 300 pares de sapatos, que foram atirados por manifestantes em bonecos que representavam o primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, e o presidente dos Estados Unidos, George Bush.
O protesto, realizada no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), reuniu cerca de 250 pessoas.
A “sapatada” palestina foi uma alusão ao gesto do jornalista iraquiano que atirou o sapato contra Bush, no final do ano passado, durante visita do presidente norte-americano a Bagdá. “Doaria o quanto fosse necessário para repudiar a agressão contra o povo palestino”, disse Salim.
Após a manifestação no vão do Masp, os quase 300 pares de sapatos foram recolhidos e guardados para serem usados em outros protestos.
Ao contrário do jornalista iraquiano, que não conseguiu acertar o sapato em Bush e ainda foi preso por autoridades de seu país, em São Paulo os manifestantes atingiram o boneco que representava o presidente dos EUA.
Quando o bonexo caiu pela primeira vez, o presidente da União dos Estudantes Mulçumanos no Brasil, Alli Ahmad Majdoud, pediu, ao microfone, que as sapatadas não parassem: “Ele caiu, mas vamos fazer os primeiros socorros para ressuscitá-lo.
Ele tem que levantar, pois merece morrer várias vezes”.
Além de árabes e palestinos, a manifestação reuniu judeus e representantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e até da Gaviões da Fiel, tradicional torcida organizada do Corinthians – clube de maior torcida em São Paulo. “Antes de ser judeu, sou brasileiro e todos os brasileiros sentem repúdio a atitudes racistas”, disse o jornalista Nathanel Braia. “Todos recebem as comunidades judaicas de braços abertos.
Israel se desgasta perante a comunidade internacional [com a ofensiva sobre Gaza] e acaba desgastando a comunidade judaica, além de fortalecer o Hamas.” Solidário à causa palestina, o coordenador de relações internacionais do MST, Marcelo Buzetto, também participou do protesto. “Temos conversado com os camponeses palestinos, cujas lavouras de oliveiras estão sendo destruídas.
A atitude do governo de Israel em não cumprir as determinações da ONU geram uma situação de ódio e conflito na região”, comentou Buzetto. “Se um povo está sendo dizimado, temos que falar alguma coisa.
Seres humanos estão morrendo em Gaza e por isso somos contrários ao que Israel tem feito”, acrescentou Eduardo Novaes, representante da Gaviões da Fiel/Movimento Rua São Jorge.
Durante os protestos, os manifestantes gritaram palavras de ordem, como “palestino é meu amigo, mexeu com ele, mexeu comigo”