Deu na Folha de S.

Paulo de hoje Depois de oferecerem crédito facilitado e com prazos longos, os bancos devem amargar maior inadimplência neste ano.

Especialistas alertam de que o aumento do desemprego no país pode levar a uma onda de calotes nas dívidas feitas antes da crise econômica mundial.

Os últimos dados oficiais apontam para crescimento de 19,3% no endividamento do brasileiro.

Em novembro, a inadimplência ficou em 7,8% do total que deveria ser pago no mês -a maior do ano.

Em novembro de 2007, era de 7,1%.

O Sistema de Informações de Crédito do Banco Central, ao qual a Folha teve acesso, mostra que 16,76 milhões de pessoas têm dívidas bancárias acima de R$ 5.000.

O dado é de junho -o último disponível, anterior ao agravamento da crise.

Em junho de 2007, o número de pessoas com dívidas altas era de 13,52 milhões, ou seja, o endividamento considerado elevado cresceu 19,3% em um ano.

Na comparação em 18 meses, o aumento foi de 25%.

Após a piora da crise, houve desaceleração da oferta de crédito, mas o volume emprestado pelos bancos não caiu.

Ao contrário, os novos clientes que tomaram financiamento pagaram taxas de juros mais altas, usando parcela maior da renda. “O brasileiro entra em 2009 muito endividado.

Se o desemprego crescer no primeiro trimestre, veremos um efeito no aumento da inadimplência.

Acredito que isso já possa ocorrer no primeiro bimestre, quando as pessoas têm de pagar despesas extras de escola, IPVA, IPTU”, afirmou Luiz Miguel Santacreu, analista de instituições financeiras da consultoria Austin Rating.

O desemprego no Brasil fez suas primeiras vítimas nos dois últimos meses de 2008.

Demitido em 3 de dezembro de uma unidade da Vale em Itabira (MG), Joaquim Gomes Neto, 49, enfrenta dificuldades para pagar empréstimo feito há três anos, de R$ 35 mil, com prazo de sete anos.

Na época, o salário de R$ 2.143 bastava para as parcelas mensais de R$ 600.

Com a demissão, ele ainda terá quatro anos para quitar os R$ 25 mil restantes.

Como contribuía com a Valia (fundo de pensão da Vale), tem direito a R$ 740 mensais, dos quais sobram apenas R$ 140 para as despesas após pagar a dívida. “Recebi meu FGTS.

Estou conseguindo viver.

Até porque não tem jeito.

A gente aperta e o dinheiro tem de dar.” Leia mais (para assinantes)