Antes era o discurso da marolinha, que não chegaria com força ao Brasil.
Nesta manhã de terça-feira, o presidente Lula mudou o tom e disse com todas as letras que a crise pode prejudicar o Brasil, em pelo menos duas situações.
A primeira citada foi a exportação, pois EUA e Europa são grandes compradores de nossos produtos.
Lula, no entanto, disse que o impacto pode ser reduzido pois só 16% das exportações seguem para os dois destinos. “Certamente, teremos algum problema.
Por isto, espero que o Obama resolva logo”.
Uma saída apontada seria a aposta no mercado interno, onde o Brasil teria muito a crescer ainda.
Foi nesta hora que Lula lançou mão do seu conhecido populismo. “Os pobres não vão pagar a conta da crise neste país.
Nós não vamos travar a economia por conta da crise.
Os empresários serão incentivados e não vão desistir dos investimentos.
Eles sabem também que podem perder o bonde da história”. “Sabe-se que tem muita gente torcendo que o Lula se lasque, que se arrebente com a crise.
Essa gente que fala assim não conhece um retirante nordestino.
Se o cara não morre até os cinco anos, vira uma coisa encrenqueira que não tem crise que abale”, gabou-se, em um dos milhares de auto-elogios.
Na avaliação do presidente, o Brasil vai sair mais forte da crise. “A crise não é minha, mas é uma provação.
Vou provar que estou mais preparado do que qualquer outro. É fácil escrever um artigo tomando um uisque.
Quero ver na hora de tomar uma decisão, decidindo contento ou não contento, assumo ou não assumo (uma decisão)”, comparou.
O segundo problema, segundo Lula, é a falta de crédito, que ele prometeu resolver em janeiro já.
Segundo revelou, ocorreu a crise de crédito porque 30% dos empréstimos que os empresários nacionais tomavam eram em dólar, lá fora, que desapareceram com a crise internacional.
Neste quadro, os empresários começaram a demandar dólar aqui dentro, ajudando a enxugar ainda mais a liquidez, até de gigantes como a Petrobrás. “Até a Caixa teve que socorrer a Petrobras, mas ela não vai disputar com os pequenos.
Vamos usar as reservas internacionais para estabilizar o crédito”, garantiu.