Enquanto a discussão sobre o Pacto pela Vida recheia páginas e páginas de jornais, com comparações entre governos, 4.390 pernambucanos perderam a vida em 2008, faltando menos de uma semana para o fim do ano.

Veja números aqui A propósito do tema violência, escreveu Reinaldo Azevedo Leiam o que vai no Estadão.

Volto depois: O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou claro ontem que Natal não é sinônimo de trégua com adversário político.

Após meses de convivência pacífica com vários líderes da oposição, ele trocou a agenda diplomática da manhã, ao lado do presidente francês Nicolas Sarkozy, por críticas ao prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM).

Ao participar pelo sexto ano consecutivo de um encontro de Natal com moradores de rua e catadores de lixo na capital paulista, Lula pegou carona nos ataques feitos por líderes do Movimento Nacional da População de Rua e emendou: “Eu confesso que eu achava que, em São Paulo, as coisas estavam andando bem, porque eu falei, da outra vez que vim aqui, com o prefeito.

E, pelo que estou vendo, as coisas não aconteceram”.

E continuou: “É um descalabro as pessoas não respeitarem um ser humano apenas porque ele é pobre”.

Lula fazia referência ao discurso proferido minutos antes por Anderson Lopes, integrante do movimento que acusou a prefeitura paulistana de comandar ações para “expulsar” os moradores de rua da cidade.

A prefeitura evitou polemizar.

Disse, por meio de sua assessoria, que Lula foi “induzido ao engano por equívocos” dos líderes do movimento.

No discurso, o presidente avisou que planeja uma reunião com prefeitos no início do ano que vem.

Desta vez, garantiu, a pauta de reivindicações será entregue por ele aos prefeitos, não o contrário, como de costume.

Independentemente dos ataques, não faltou disposição a Lula.

Em mais de uma ocasião, ele arrancou risos da platéia. “Se tem alguém que tem motivo para jogar sapato no presidente são vocês.

Vocês viram aquele sapato que jogaram no Bush?

Imagine se tivesse chulé”, afirmou, em uma dessas ocasiões, ao afirmar que percebe as dificuldades enfrentadas pelos moradores de rua e catadores.

Lula cantou, batucou e até dançou na quadra.

E, na saída, chamou a atenção mais uma vez.

Cerca de uma dezena de veículos da comitiva presidencial simplesmente ignoraram a placa de contramão da Rua Silveira Martins, no centro da cidade, bastante conhecida dos tripulantes dos veículos, já que é endereço da sede do Partido dos Trabalhadores.

Comento Não gosto nem de escrever certas palavras.

Nada místico.

Apenas evocam situações desagradáveis que nada têm de inevitáveis.

Uma é a que vai no título e, tudo indica, será agora freqüente na boca de Lula.

Repete a imagem da entrevista coletiva concedida naquele Campeonato de Humor acontecido no Sauípe.

O Apedeuta deve achar que, para jornalistas e moradores de rua, está de bom tamanho.

Os dois grupos riram do, como direi?, gracejo.

Os políticos, mesmo quando atacados, evitam polemizar com Lula porque, com efeito, não chega a ser esperto bater boca com quem tem 80% de popularidade.

Como não sou candidato a nada, então vá lá: sua fala sobre os moradores de rua é pura delinqüência política.

Ele poderia, por exemplo, fazer uma festinha de Natal com os miseráveis de Recife, a cidade mais violenta do país, administrada pelo PT, num estado governado por um aliado seu.

Mas Lula não resiste a duas coisas: à megalomania — “o Brasil será uma potência militar?” — é à retórica malcheirosa do populismo.

E não há coisa mais chulé do que isso.

Ficamos sabendo que os pobres, agora, são um problema dos prefeitos — mas dos prefeitos de oposição.