Por Antônio Rodrigues de Freitas Tenho assistido a deteriorização da saúde de Pernambuco durante meus 25 anos de profissão como médico ortopedista e traumatologista, trabalhando em hospitais das redes pública estadual e privada de saúde.
Se, de um lado o Governo Federal com o Sistema Único de Saúde (SUS) não tem compromissos com a classe médica e chega a pagar até R$ 17,00, por uma cirurgia, o Governo Estadual descompromissado com a saúde, entrega o povo à própria sorte; delega cargos a pessoas insensíveis que, de forma incompetente, jogam o povo contra médicos e hospitais, no maior caos já registrado na saúde pública do Estado.
Há pouco mais de 90 dias foi firmado um acordo denominado Termo de Compromisso entre Secretaria Estadual de Saúde (SES), o Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), o Conselho Regional de Medicina (Cremepe) com intermediação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PE).
Mesmo assim, a saúde pública encontra-se em lençóis fétidos do desgoverno de Pernambuco.
Matéria publicada no Jornal do Commercio em 19/12/08, intitulada “HR SEM SOLUÇÃO”, denuncia a situação crítica em que se encontra aquela unidade saúde, uma referência no Estado.
No entanto, essa falta de solução vem crescendo e se alastrando nas várias regiões de Pernambuco.
Hoje, dia 20/12/2008, às 14h, encontro-me de plantão no HOSPAM de Serra Talhadas sem ver o horizonte da saúde refletir seus raios de benefícios para o nosso povo.
Estou sozinho no hospital em tela. É inacreditável!
Um hospital que se diz referência para mais de 30 cidades do Sertão do Pajeú, conta com este número, ou seja, um médico traumatologista de plantão.
Que vergonha!
Não temos pediatra, clínico, cirurgião, ginecologista e anestesista. É o descaso!
Você acha meu caro colega que vou deixar minha cara na janela pros outros baterem?
Onde está o cumprimento dos itens do Termo de Compromisso, firmado entre o Governo e as entidades médicas, em setembro passado?
Onde estão os novos médicos contratados?
Onde está o compromisso com a saúde pública e o fim do sofrimento da população que precisa do SUS?
Em verdade, tem muita gente sofrendo e morrendo nas filas dos hospitais, sem assistência, porque faltam remédios, equipamentos e, sobretudo, recursos humanos.
Certo dia, um cidadão disse que eu fazia campanha político-sindical e pedia a exoneração de cargo pelo fato de não ser de Serra Talhada e de não ter parentes na cidade.
Trata-se de uma inverdade deslavada.
Se eu tivesse me formado para atender minha família, estaria certamente no Ceará, e não estou.
Estou em Pernambuco, mais precisamente em Serra Talhada, porque meu compromisso é com a saúde da população, não com parentes, políticos e nem com os “Silvérios dos Reis” da vida pública.
Em Serra Talhada, o HOSPAM morre a cada dia.
Morre por falta de médicos e de outros profissionais de saúde, por falta de compromisso e seriedade das autoridades públicas estaduais.
E morrendo o HOSPAM, morre Serra Talhada e ficam às moscas.
Moscas das sopas, padarias, açougues, feiras, matadouros públicos, manguezais, lixos, etc.
Eu não tenho estômago para tal e entrego meu cargo à disposição de quem tenha compromisso sério com a saúde de nossa gente.
Antônio Rodrigues de Freitas é Médico Traumato-Ortopedista de Serra Talhada