O agravamento da crise financeira internacional deve levar a cancelamentos e adiamento de investimentos no país, segundo o Relatório Trimestral de Inflação, divulgado hoje (22) pelo Banco Central. “O recrudescimento da crise financeira mundial também afeta negativamente, em magnitude e duração de difícil antecipação, os investimentos, via condições de financiamento e confiança dos empresários.

Nesse sentido, empreendimentos mais sensíveis às condições creditícias poderão ser postergados ou até mesmo cancelados”, diz o relatório.

Apesar de medidas do governo para garantir mais crédito, que se reduziu por conta da crise, a expectativa do mercado é de descaleração dos financiamentos.

O relatório aponta que a procura por produtos e serviços, principalmente do setor privado, deverá ser “fator chave” para reduzir os efeitos da crise financeira internacional sobre a atividade econômica do Brasil.

Segundo dados do relatório, nos primeiros nove meses de 2008 o consumo das famílias aumentou 6,5% em relação ao do mesmo período do ano passado. “Esse desempenho robusto também pode ser visto, e antecipado, por intermédio de dados referentes ao comércio varejista”, afirma o documento, acrescentando que “as vendas no comércio varejista registraram aumento de 4% em setembro em relação ao mês anterior, após terem recuado 1,3% em agosto, mês em que se interrompe seqüência de sete altas consecutivas”.

O BC avalia que apesar “da incerteza sobre a magnitude dos efeitos da crise financeira internacional sobre a geração de empregos e as negociações salariais”, a expansão do mercado de trabalho, e por conseqüência dos salários, continuará sustentando a demanda por produtos e serviços.

De acordo com o relatório, depois do agravamento da crise financeira internacional, em setembro, países emergentes, anteriormente “pouco afetados”, foram alcançados pela fuga de capitais e “por drástica redução nas linhas externas de crédito, que tem se mostrado persistente”.

Por conseqüência, segundo ainda o relatório, há depreciação das moedas e redução de recursos disponíveis no mercado interbancário. “Nas economias maduras, a recessão passou de forte possibilidade para realidade”, diz o BC.

Da Agência Brasil