Sem citar o nome do ministro da Justiça, Tarso Genro, a quem a PF está subordinada, o delegado Protógenes Queiroz fez ilações que podem ser interpretradas como críticas ao político petista gaúcho.
Quando estourou o escândalo da operação Satiagraha (resistência pacífica e silenciosa), no primeiro momento o ministro disse que a operação era exemplar.
No segundo momento, quando o presidente do STF foi a Lula reclamar de ter sido grampeado, o ministro enquadrou o delegado, tendo início a sua ruína à frente das investigações.
Aqui no Recife, o delegado defendeu a tese de que os delegados da PF tenham as mesmas prerrogativas dos promotores, de modo a poderem realizar investigações sem poder serem removidos, por exemplo. “Se não acontece o que aconteceu comigo”, frisou.
Na entrevista, Queiroz citou duas situações que envolvem projetos do ministro Tarso Genro.
Uma delas a criação do conselho para coibir a atuação independente de jornalistas.
Mais recentemente, a proibição de que agentes da PF vazem dados para a imprensa. “A liberdade de expressão ficou ameaçada neste processo.
Também vejo tentativa de restringir a atividade do juiz e atividade do policial.
Vão ter que explicar depois o nível a que chegamos…” “A polícia tem que ser independente.
Não pode ser uma guarda pretoriana de um governo.
A PF hoje se presta a ser apenas uma guarda pretoriana.
Nós nos libertamos disto aí (com seu exemplo?). “Precisamos de independência funcional para não acontecer o que aconteceu comigo”.
Questionado se a PF era republicana, como diz Tarso Genro, o delegado foi seco. “Só se prende pobre, negro, desempregado, basta ver o que existe nas nossas prisões.
Não é verdade.
Não é verdade (que seja republicana).
Essa é uma expressão criada para justificar determinadas ações que não se justificariam em um pleno democrático de direito”, afirmou. “No Brasil, só há segurança jurídica para uma minoria privilegiada”.