Por Inaldo Sampaio, de Política / JC O deputado Inocêncio Oliveira já está fechado com Dilma Rousseff (PT) para a Presidência da República, com o governador Eduardo Campos (PSB) à reeleição e com o prefeito do Recife, João Paulo (PT), para senador.
Mas ainda não está comprometido com o dirigente do PTB, Armando Monteiro Neto, para a outra vaga ao Senado. “Ele precisa conversar”, diz, nesta entrevista ao JC, lembrando que o secretário Fernando Bezerra Coelho (PSB), é outra alternativa.
Há 12 anos na mesa da Câmara, Inocêncio ainda afirma que pode ser candidato avulso a um cargo, caso o PR não o indique. “Já fiz isso no passado e não houve nem segundo turno”.
JC – Que avaliação o senhor faz hoje do desempenho do PR nas últimas eleições?
INOCÊNCIO – Ficamos muito gratificados.
Tínhamos apenas três prefeitos e elegemos 30 pela sigla e outros 12 por outros partidos, que na primeira “janela” que for aberta desejam se filiar à nossa legenda.
Ganhamos as eleições em Escada, Bezerros, um sonho que eu acalentava há anos, Serra Talhada, São José do Belmonte, Exu e Capoeiras, consolidando a nossa presença e a nossa força em todas as regiões do Estado.
JC - Há chance de essa “janela” ser aprovada?
INOCÊNCIO – Fala-se muito nessa possibilidade, mas as coisas na Câmara são muito difíceis porque a classe política é desunida.
Pegue os programas dos partidos e confira: são praticamente iguais.
Mas na hora de agir naquela Casa, cada qual age de maneira diferente.
Há eleições de dois em dois anos e o interesse pelo processo eleitoral sempre se sobrepõe ao interesse do País.
O autor desse projeto é um rapaz de boa qualidade, o Flávio Dino (PCdoB-MA), que já teve oportunidade de demonstrar que essa “janela” não será algo permanente.
Só funcionaria a um ano do pleito e com validade de apenas 30 dias.
Mas como teria que ser feita por emenda constitucional e não por Lei Complementar, não acredito na sua aprovação.
JC - Mas o senhor concorda com este projeto?
INOCÊNCIO – Não.
Apesar do PR ser o partido hoje em Pernambuco que mais lucraria com essa “janela”, vejo esse projeto com restrições porque entendo que o nosso País precisa de partidos fortes e estruturados.
Digo isso com tranqüilidade porque tenho autorização de vários prefeitos do meu grupo que se elegeram por outros partidos para dizer à imprensa pernambucana que se a “janela” for aprovada eles se filiarão ao PR. É o caso de Dadau, prefeito eleito de Tacaratu.
Ele se elegeu pelo DEM, mas já me autorizou a declarar que, na primeira oportunidade, se filiará a PR. É o caso também do prefeito de Exu, Léo Saraiva, do de Iati, Alexandre Tenório, do de Granito, Ronaldo Sampaio.
E, no Grande Recife, temos dois vereadores em Jaboatão querendo se filiar ao PR e um ou dois aqui na capital, sem contar dois deputados estaduais com os quais estamos em conversação.
JC - O senhor faz parte da mesa da Câmara há 12 anos.
Quais as chances de permanecer nela com Michel Temer (PMDB-SP) ou Ciro Nogueira (PP-PI) na presidência?
INOCÊNCIO – Já ocupei a presidência, a 1ª vice duas vezes, a 1ª secretaria também duas e sou atualmente 2º vice-presidente e corregedor, acumulando com a presidência do Conselho de Altos Estudos e Avaliação Tecnológica.
A meu ver, a eleição na Câmara ainda permanece indefinida.
Há dois candidatos na disputa e fala-se numa terceira via através do “bloquinho”, constituído pelo PSB-PDT-PCdoB-PMN.
Se esse bloco lançar candidato, terá entre 70 e 80 votos e se constituirá também numa força.
O que posso dizer a esse respeito é que se eu disputar (um cargo na mesa), tenho amplas possibilidades de me eleger.
JC - O senhor quer dizer, então, que poderá ser candidato avulso?
INOCÊNCIO – Se o partido não me escolher para o cargo que couber ao PR, poderei, sim, concorrer a um cargo na mesa como candidato avulso.
Já fiz isso no passado e não houve nem segundo turno.
JC - Já está assegurada a presença do PR no secretariado de João da Costa?
INOCÊNCIO – Participamos do governo João Paulo ocupando uma secretaria municipal e temos uma consideração muito grande pela sua pessoa.
A nossa relação política e pessoal com o prefeito eleito João da Costa é excelente.
Se ele entender que o nosso partido deve continuar integrando o seu governo, para nós será uma honra, embora nossa relação não tenha sido construída com base em cargos.
Tenho ajudado muito a Prefeitura do Recife na Câmara Federal, assim com o governo do Estado na pessoa do meu grande amigo Eduardo Campos.
JC - Por falar no governador, como anda sua relação com ele?
Ele lhe dá o tratamento que o senhor acha que merece?
INOCÊNCIO – Apoiei Eduardo como candidato a governador desde a primeira hora e continuo com o firme propósito de continuar ao seu lado qualquer que seja o seu projeto, seja a reeleição ou um cargo majoritário de âmbito nacional.
Sonho em interiorizar o desenvolvimento e ele tem cumprido à risca esse desejo que não é só meu, mas de todos os que o conduziram ao Palácio das Princesas.
JC - E do presidente Lula, que avaliação o senhor faz hoje?
INOCÊNCIO – O presidente Lula tem por mim uma grande consideração e eu por ele um grande respeito, sobretudo porque ele concretizou no seu governo um dos maiores sonhos da minha vida, que era criar um câmpus da Universidade Federal Rural de Pernambuco em Serra Talhada, hoje com nove cursos superiores.
JC - Como está hoje a sua relação com o secretário dos Transportes, Sebastião Oliveira, com quem o senhor já teve alguns atritos?
INOCÊNCIO - Normal.
De pessoas que se respeitam e têm o mesmo ideário de servir à nossa terra e zelar pela boa imagem do governo Eduardo.
Não é uma relação de abraços, nem tampouco de inimizade.
Também não há nada de minha parte que possa traduzir algum sentimento que eu chamaria de “má vontade”.
Tenho a minha maneira de fazer as coisas e ele tem a dele, e cada qual cumpre com o seu dever perante os municípios que representa.
Ele tem feito obras importantes priorizadas pelo governador, como o acesso às cidades que não eram servidas por pavimentação asfáltica, além da duplicação da BR-104 e da 408.
JC – Ainda faltam dois anos para as eleições, mas já se fala que João Paulo e Armando Monteiro seriam os futuros candidatos a senador na chapa de Eduardo Campos.
O senhor tem simpatia por esses nomes?
INOCÊNCIO – Penso que a candidatura de João Paulo está consolidada e tenho o compromisso de apoiá-lo.
Do mesmo modo que votarei em Eduardo na reeleição, votarei em João Paulo para senador. É um excelente candidato.
Foi um grande gestor público, tanto para o centro da cidade como também para a periferia.
Aquela obra de Brasília Teimosa foi uma coisa extraordinária, assim como o calçadão de Boa Viagem, a Via Mangue e o Parque Dona Lindu, que para orgulho de nós, pernambucanos, tem o traço de Niemeyer.
Dos 92 bairros do Recife, nenhum deixou de receber obra do prefeito João Paulo.
Por isso, em reconhecimento ao trabalho dele, é o meu candidato desde já.
JC - João Paulo está consolidado e Armando, não?
INOCÊNCIO – Ainda não.
JC - Por quê?
INOCÊNCIO – Porque Armando precisa conversar.
Não sei se o momento é próprio para ele iniciar essas conversas ou se é apenas uma questão de tática.
E tanto é verdade que a candidatura dele não está consolidada que já existe correndo por fora a candidatura do secretário Fernando Bezerra Coelho, sem falar no nome de Inocêncio Oliveira, que muita gente no interior gostaria que fosse candidato, embora eu não tenha essa pretensão.
JC - Procede que o PR já se acertou com o PP para formar uma “chapinha” de federal em 2010?
INOCÊNCIO – Por enquanto, sim.
Apesar de ter chegado ao meu conhecimento que o diretório do PP teria caducado aqui em Pernambuco.
Minha aliança com o deputado Eduardo da Fonte é no plano estritamente federal.
Deveremos ter nesta chapa de federais, além de mim e do próprio Eduardo da Fonte, o vereador do Recife Roberto Teixeira (genro do ex-deputado Pedro Corrêa), o deputado Eriberto Medeiros e Anderson Ferreira (filho do deputado estadual Manoel Ferreira).
Vamos eleger uns quatro deputados federais e entre sete e oito estaduais.
No momento oportuno faremos a geografia eleitoral das regiões e em cada uma delas o PR terá um candidato.
JC - O senhor tem simpatia pela ministra Dilma Rousseff para ser a candidata do PT à Presidência da República?
INOCÊNCIO – Sim.
Trata-se de uma mulher forte, valente, que já demonstrou capacidade administrativa nos diferentes cargos que ocupou.
Foi uma excelente ministra de Minas e Energia e está sendo uma extraordinária ministra da Casa Civil, coordenando com competência o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC).
Ela tem firmeza, pulso e decisão para que as coisas aconteçam.
Evidente que precisa de uma maior inserção no mundo político para poder se viabilizar como candidata a presidente.
Mas é uma candidata viável, organizada e sabe expor bem as suas idéias.
Pretendo votar nela em 2010 ou em qualquer outro candidato que tenha o apoio do presidente, em reconhecimento ao muito que ele fez pela nossa região.