Por Sheila Borges, de Política / JC Apesar de registrar um número crescente de políticos aderindo ao PT em função do momento, e não de uma ligação ideológica com o partido, o presidente regional da legenda, Jorge Perez, não pretende fechar as portas da sigla.
Para evitar a cultura do troca-troca e fortalecer a agremiação, Perez defende a reforma política.
Nesta entrevista ao JC, ele afirma que o crescimento do PT não é fruto só de adesões, mas da filiação de militantes de movimentos sociais.
JC - O PT está perdendo sua identidade ao atrair muitos adesistas?
JORGE PEREZ - No Brasil, o partido que está no poder sempre atrai políticos de outros partidos. É esta a cultura.
O PT tem procurado, na sua forma de organização, alterar isso.
Mas só vai ser modificado com uma reforma política.
O atual sistema não foi feito para o PT.
Há uma cultura do troca-troca partidário.
JC - Mas o PT perde identidade com as adesões?
PEREZ - O PT não está crescendo por conta disso.
A adesão corresponde a uma parte do crescimento.
Temos muitos militantes históricos e militantes que estão vindo dos movimentos sociais.
No Brasil, há uma ausência de partidos fortes com programas.
Não vamos superar esta fase fechando o partido para estes setores (os adesistas).
Temos que lutar pela reforma política.
JC - Em Sairé, o PT virou uma sublegenda, como o partido enfrenta este problema?
PEREZ - Ali, naquela cidade, temos um PT formado por militantes que chegaram a partir de um processo político.
Também temos aqueles militantes que não têm posição ideológica fechada.
Sabemos que o PT é o partido da moda.
JC - O PT cresceu e ficou ainda mais dividido?
PEREZ - A disputa interna faz parte da política em qualquer lugar.
Temos disputas de idéias e projetos.
Querer evitar isso, é evitar a própria natureza.
JC - Também em Mirandiba, cidade importante para o partido, o PT enfrenta problemas.
O que a direção estadual faz para resolver a situação?
PEREZ - Tenho conversado muito com o pessoal de lá.
Tivemos prefeitos e temos o vice-prefeito eleito.
Temos um processo de organização.
Tivemos uma perda quando Nelson Pereira (ex-prefeito, atual secretário estadual de Esportes e hoje no PCdoB) saiu.
Estamos em um processo de recomposição e reconstrução.
JC - Muitos dos petistas eleitos não têm vida partidária, como irão aproximá-los do partido?
PEREZ - Fizemos seminários com os prefeitos e vices-prefeitos e vamos fazer com os vereadores. É um processo de construção.
Temos que avançar. É um sistema permanente e dinâmico.
Há uma parcela de pessoas com mais vivência no partido.
Outra parte ainda não tem. É um debate que temos que promover.
A homogeneização é construída no debate, não é imposta.
Queremos que os vereadores ocupem os espaços de representação do partido.