Por Jorge Cavalcanti, de Política / JC Sempre contido ao falar da gestão Eduardo Campos (PSB), o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) surpreendeu ontem ao censurar – num misto de crítica e desabafo – seu adversário, que na última quarta disse que “os meios de comunicação não têm contribuído como poderiam” no combate à violência.

Jarbas defendeu que os partidos da extinta União por Pernambuco intensifiquem a cobrança e exerçam oposição a Eduardo, “como o PT fez” ao seu governo e ao de FHC, em plano nacional.

O governador preferiu não comentar a entrevista de Jarbas.

IMPRENSA “É um desvio o governante sempre ficar buscando bode expiatório.

A imprensa cumpre o papel dela.

Amanheci muitas vezes que não podia nem ver a manchete do jornal sobre violência.

Só que naquela época, ele (Eduardo Campos), como oposição, atribuía ao governo.

Dizia que o governador era o responsável por isso.

Eu não quero fazer com ele o que ele fez comigo.

Ele não é o responsável.

A responsabilidade é de um conjunto de fatores, de autoridades.

Não é um só o responsável por isso.

Agora, exteriorizar uma posição contrária à imprensa, dizer que a imprensa está torcendo por quanto mais crimes melhor, é uma coisa inconcebível!

Não dá para ouvir isso calado.

Nem a oposição, nem as entidades, nem o homem do povo, nem um formador de opinião.

Não dá pra ver o governador dizer que a imprensa quer mais crimes.

A imprensa não quer mais crimes!

A imprensa registra o que houve, como registrou no meu governo.

Tive um governo com alto índice de violência.

Fiz tudo para reduzir.

Algumas vezes chegamos a reduzir.

Era uma situação bastante desconfortável nesse contato (com a imprensa).

Mas não posso atribuir isso à má vontade da imprensa.” OPOSIÇÃO “Essa consciência vem se criando aos poucos.

Acho que o quadro de hoje, final de 2008, nesse aspecto, é muito melhor do que o final de 2007.

A gente tem que fazer oposição.

Fazer oposição não é agredir, não é mentir, desqualificar o adversário.

Tenho feito oposição em Brasília de manhã, de tarde, de noite.

E não agrido o governo, não desqualifico o presidente da República, seu partido.

Agora, a gente tem que fazer oposição como o PT fez.

Quando se via vencido, recorria à Justiça, batia na porta da imprensa, gritava, protestava.

A gente tem que se assemelhar um pouco aquilo que o PT fazia no passado.

Oposição dura, muito dura, sem abrir mão dos seus princípios.

O PT muita vezes exagerava.

Deixou de assinar a Constituinte, foi contra o Plano Real, votou contra e quase que derrota a Lei de Responsabilidade Fiscal.” ALIANÇA JARBISTA “Acho que o fundamental para a gente agora é cuidar das coisas.

Quando digo cuidar não é um engolir o outro.

Não adianta eu tirar um prefeito do DEM, ou o DEM tirar do PSDB e vice-versa.

Se tiver que crescer, crescer em cima do adversário.

E não entre a gente.

Que a gente vai restaurar a aliança, não tenho a menor dúvida.

O fim do pleito municipal ajudou para isso.

Não sei se o nome vai ser União, isso é detalhe.

Mas que a gente vai restaurar o entendimento entre PMDB, PSDB e DEM e outros partidos e procurar o PV, o PPS, não tenha dúvida.” 2010 “A gente tem que se fortalecer.

Nós temos lugares em que temos condições de crescer.

Temos que fortalecer.

O PMDB elegeu 10 prefeitos.

Tem que crescer, tem que ver onde não tem diretório, buscar onde tem divergências, onde alguém não está mais com o governo.

A gente tem que fazer esse levantamento.

Mas não é só o PMDB que tem que fazer isso.

O PSDB e o DEM também e se encontrar lá na frente.

Aí, sim, ver o nome.

A gente tem candidato a governador.

Os dois senadores devem ser candidatos à reeleição ou Sérgio Guerra pode ser candidato a governador.” CANDIDATURA “Não digo nem que sim, nem que não.

Essa questão de candidatura não pertence a mim.

Se depender de mim, não serei candidato.

Eu não quero ser candidato (a governador), mas não posso dizer a vocês aqui, à imprensa de Pernambuco, no final de 2008, que não vou disputar a eleição.

Posso ser candidato, vai depender das circunstâncias, vai depender do momento.” SÉRGIO GUERRA “Acho que essa coisa de nome não é relevante.

Quando falei em Sérgio Guerra, por exemplo, no dia da eleição no primeiro turno, falei pela sinergia.

Acho que Serra (o governador de São Paulo, José Serra) é candidato (a presidente).

Serra deve ter, inclusive, a partir de 2009, uma agenda que torne compatível a administração de São Paulo e a ação política.

Então, se tem essa posição de clareza para presidente da República, nada mais natural do que imaginar um nome como Sérgio Guerra, que é senador e presidente (nacional) do partido, para governador.

Isso não quer dizer que Sérgio Guerra está na obrigação de ser candidato.” ADVERSIDADE “Me criei a vida quase inteira (na oposição).

Meu maior tempo de vida foi fazendo oposição.

Fundando partido, criando o MDB, o PMDB.

Hoje, a gente está na adversidade.

Quem não tem governo federal, governo do Estado, prefeitura, sente na pele as dificuldades.

Quando você chega no município, sobretudo no interior, a área está ocupada.” VICE DE SERRA “Mesmo que ele renove (o convite para vice), isso é impossível.

Sou dissidente do PMDB.

Sendo dissidente, não tem nem como imaginar isso.

Isso não prospera, não anda.

Sou altamente minoritário hoje dentro do PMDB.”