Caro Jamildo, Sobre o cancelamento do Opinião PE do último dia 02, terça-feira, não se pode falar de censura, pois a única instância que teria poder para tal seria a própria direção da emissora.
Também não faz parte dos princípios do programa qualquer tipo de auto-censura, e os telespectadores pernambucanos e convidados da produção têm 9 anos de comprovações disso.
Você mesmo já participou de nossas entrevistas e debates, sempre com vigorosa e total liberdade.
A decisão foi minha, e por bom senso.
Precaução simplesmente.
A discussão seria sobre “o papel do Ministério Público”, tendo como gancho o dia nacional da instituição, a ser comemorado próximo dia 14.
Não se tratava de debate sobre gestões, candidatos ou qualquer coisa do tipo - como você mesmo bem registrou.
No entanto, a referida assessoria encaminhou aquele pedido formal de inclusão de mais dois convidados para equilibrar a mesa.
Não havia o que equilibrar, pois não nos interessava a disputa interna deles, o tema era outro.
E tampouco tínhamos lugares no formato do Opinião PE para seis pessoas (na verdade, retifico o número divulgado, pois eram quatro os convidados fechados: dois promotores, Charles Hamilton Santos Lima e José Vladimir Acioli, além de Jayme Asfora e do cientista político Ernani Carvalho).
Sendo assim, tomei a decisão que me pareceu a mais sensata.
O tema “papel do Ministério Público” é frio, será válido em qualquer momento, então cabia a suspensão do programa para que eu pudesse ponderar sobre os protestos de ambos os lados e discutir o caso com minha equipe e até com a direção da emissora – se necessário.
Minha convicção de que o debate não seria contaminado não excluía a hipótese de que eu estivesse errado e alguém terminasse prejudicado.
Reavaliar situações faz parte do cotidiano de todos, mormente de quem exerce alguma espécie de comando.
No mais, Jamildo, acho muito oportuno seu interesse, e creio que essa contenda interna deles ainda vai gerar novos fatos que você vai tornar públicos, cumprindo a proposta do blog.
Espero somente que os ânimos exaltados não atrapalhem o Ministério Público no cumprimento de seu eminente papel na manutenção de nossa tão jovem democracia.
Grato pela atenção, e sempre disponível para esclarecimentos.
Cristiano Ramos Diretor do Opinião PE