Meu caro Jamildo, Não é de hoje que a Faculdade Maurício de Nassau é assunto no seu blog.
Aliás, no seu blog e na sociedade pernambucana como um todo.
O espaço que peço hoje aqui é para me manifestar como morador das Graças, onde a Faculdade mantém uma de suas unidades.
Por um momento, vamos esquecer a situação que envolve o cronista Joca Souza Leão, bem como as ações que o Ministério Público move (ou moveu, não sei) contra uma suposta ocupação irregular de seis imóveis no bairro e até mesmo a frustrada tentativa de se construir um edifício garagem no lugar de um dos mais belos exemplares da arquitetura brutalista do Recife (o imóvel localizado na estreita Rua Jacobina, projetado pelo arquiteto Vital Pessoa de Melo com paisagismo de Burle Marx).
Vamos esquecer, inclusive, o extenso debate que envolve o tema mercantilização da educação.
O apelo que venho fazer através do seu blog diz respeito às mazelas urbanas que assolam o bairro das Graças e que têm relação direta com a instalação da Faculdade Maurício de Nasau.
Não dá, Jamildo.
A forma desordenada do crescimento imobiliário da instituição trouxe consigo um sem-número de estudantes, distribuídos nos não-sei-quantos cursos que se acumulam nos tantos imóveis ocupados. É muita gente para um bairro sem a infra-estrutura necessária.
Não há estacionamentos para tantos carros, nem linhas de ônibus, nem segurança (eu mesmo tive um automóvel furtado no último dia 19 de outubro na Rua Jacobina).
Se você observar, às margens do Capibaribe, bem no final da Rua das Pernambucanas, há um estacionamento “alternativo”, onde os canos de escape dos automóveis ficam grudados ao mangue. É de doer!
A superpopulação universitária trouxe ainda outros personagens que antes eram estranhos a um bairro essencialmente residencial.
São vendedores ambulantes, flanelinhas e bares irregulares que se acumulam nas ruas e calçadas do bairro.
Há inclusive denúncias de que haveria uma boca-de-fumo (ou estabelecimento comercial de entorpecentes) funcionando na Rua das Pernambucanas e um prostíbulo localizado bem próximo à Matriz das Graças.
Não que estes últimos sejam conseqüência das atividades da Faculdade, mas a presença deles colabora para a construção de um cenário de caos urbano em que vive o bairro, no qual o empreendimento tem uma boa parcela de responsabilidade.
Isso sem contar o colapso no qual entrou a infra-estrutura sanitária do bairro com a instalação de tantas novas privadas (da faculdade e dos espigões residenciais).
Há buracos e vazamentos nas ruas das Pernambucanas, das Graças e Jacobina que já têm até apelidos dados pelos motoristas de tanto que insistem em aparecer.
Nos intervalos compreendidos entre as 18h e as 19h e as 21h30 e 22h30, o intenso fluxo de alunos faz do trânsito das Graças um verdadeiro inferno, com tantos carros transitando em ruas tão estreitas e esburacadas.
Entrar e sair de casa nesse horário, meu amigo, nem pensar.
Clamo ao Ministério Público, à Prefeitura da Cidade do Recife, à Câmara dos Vereadores, à Associação dos Moradores das Graças, aos formadores de opinião e a quem quer que seja para alguma providência seja tomada. É certo que, do jeito que está, não dá.
Desse jeito, vamos ter que mudar o nome do bairro de uma vez para desGraças!
Socorro, Jamildo!
Um abraço, Fernando de Holanda Fernando de Holanda é graduando em Comunicação Social pela UFPE e Administração pela UPE