Da Folha de São Paulo A Polícia Federal pediu pela terceira vez em quatro meses a prisão do banqueiro Daniel Dantas, dono do grupo Opportunity investigado na Operação Satiagraha.
O pedido é assinado pelo delegado Ricardo Saadi, que preside o inquérito contra o banqueiro e chefia a Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros em São Paulo.
O delegado justifica o pedido alegando que Dantas continuou a praticar os crimes pelos quais é acusado: gestão fraudulenta do Banco Opportunity, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
O artigo 312 do Código de Processo Penal prevê esse tipo de prisão.
Diz o artigo: “A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria”.
O pedido de prisão é baseado nos dois últimos pontos do artigo, segundo a Folha apurou.
Saadi alega que há provas abundantes dos crimes de Dantas e diz que ele continuou a praticá-los mesmo depois de ser preso duas vezes, em julho.
O advogado de Dantas, Nélio Machado, diz que considera o pedido absurdo: “A polícia quer a cabeça do meu cliente como um troféu.
Parece coisa da época do bangue-bangue” (leia texto nesta página).
O juiz federal Fausto Martin De Sanctis deverá decidir na próxima semana se aceita ou não o pedido do delegado.
De Sanctis passou a semana em Mônaco, participando de um encontro internacional sobre lavagem de dinheiro.
Ele foi ao encontro por indicação do Ministério da Justiça.
Dentro da Polícia Federal, o terceiro pedido de prisão é interpretado por alguns delegados como uma tentativa de mostrar que a PF não se dobrou às pressões do banqueiro.
O afastamento do delegado Protógenes Queiroz da investigação em junho foi interpretado como um recuo da polícia no plano de devassar as supostas irregularidades atribuídas ao banqueiro.
Para piorar a imagem do governo federal, a investigação da Corregedoria da PF em torno do delegado Protógenes Queiroz, que conduziu a investigação da Satiagraha até junho último, é vista por setores da polícia como desastrosa porque passaria à opinião pública a idéia de que o governo sucumbiu às ameaças de Dantas.