ABI vê arbítrio em ação de Greenhalgh contra Estadão Por Por Moacir Assunção e Roberto Almeida, de O Estado São Paulo - As entidades ligadas aos jornalistas e à defesa da liberdade de expressão reagiram com um misto de indignação e incredulidade à notícia de que o advogado e ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) pediu busca e apreensão na casa do repórter da Sucursal de Brasília do Estado Leonencio Nossa, para recolher documentos sobre a Guerrilha do Araguaia.

Todas concordaram em um aspecto: o pedido do advogado é inaceitável e combate frontalmente o princípio do sigilo da fonte, garantido pela Constituição, assim como a liberdade de imprensa.

Ontem Greenhalgh emitiu nota para explicar o que pretende com sua iniciativa (leia a nota abaixo). “Há um arbítrio muito grande no pedido do advogado”, reagiu o presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Maurício Azêdo.

Para ele, o advogado está manchando sua biografia de defensor de presos políticos ao fazer tal solicitação à Justiça. “O pedido é estranho e contraditório no caso do advogado, que se notabilizou ao defender vítimas da ditadura.

Em termos políticos e pessoais, a ABI lamenta que ele tenha tomado essa medida”, completou o dirigente.

A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) também criticou duramente a pretensão de Greenhalgh. “Esta proposta é um desatino do advogado.

Todos os méritos ao jornalista, que cumpriu o seu papel, mas a postura de Greenhalgh é uma ameaça à liberdade de expressão”, afirmou o presidente da Fenaj, Sérgio Murilo.

O dirigente se disse “muito preocupado” com o pedido do ex-parlamentar, mas acredita na Justiça que, em sua opinião, não permitirá que siga adiante. “O advogado deve questionar as autoridades públicas para que revelem detalhes sobre a guerrilha, não um jornalista que investiga o assunto. É estranho o pedido partir de um profissional com o seu currículo”, disse Murilo, que colocou a Fenaj à disposição do repórter.

Da mesma forma, o presidente do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal, Romário Schettino, também condenou a pretensão de Greenhalgh. “Temos acompanhado, nos últimos dias, a acertada decisão de um juiz paulista, Ali Mazloum, que proibiu a Polícia Federal (PF) de grampear jornalistas.

O pedido do advogado tem matriz semelhante aos que defendiam escutas de repórteres e nos insurgimos contra esse tipo de tentativas de intimidação”, disse o sindicalista