Por Manuella Antunes, de Informática / JC A internet sem fio nos mercados públicos do Recife é como a Ponte Joaquim Cardozo, que liga a Ilha Joana Bezerra aos Coelhos.

Existe, mas praticamente ninguém usa, nem conhece.

Seja por falta de informação, conhecimento em informática ou até por problemas técnicos nos equipamentos, as redes wifi que vêm sendo instaladas há cerca de dois meses nos mercados da Madalena, Encruzilhada, Boa Vista e São José são subutilizadas.

E isso tanto pelos permissionários dos boxes quanto pelos milhares de visitantes que percorrem os corredores dos estabelecimentos.

Durante os dois dias em que os quatro espaços foram visitados, a reportagem encontrou situações distintas.

No primeiro local, o Mercado da Madalena, embora o sinal da rede estivesse marcando 100%, a navegação por sites não foi possível.

O administrador do estabelecimento, Carlos Lima, não soube explicar o motivo nem dizer se o problema já tinha ocorrido antes, pois, segundo ele, a internet sem fio não havia sido usada por nenhum comerciante, nem pelos visitantes. “Já contei para alguns permissionários, mas como não tenho conhecimento técnico do assunto e nem sei operar os equipamentos, não posso explicar a eles como usar.

Gostaria de ter mais informação para poder disseminar o serviço”, diz.

No Mercado da Encruzilhada, a situação é um pouco diferente.

Com sinal de ótima qualidade, permitindo navegação muita rápida, o local conta, ainda, com dois PCs instalados no primeiro andar, próximo à área administrativa, cedidos pela Prefeitura do Recife para uso de comerciantes e visitantes.

Embaixo, embora a reportagem não tenha encontrado ninguém que fizesse uso da rede wifi, os permissionários estavam divididos: alguns sabiam, outros ignoravam a existência da rede.

O comerciante Antônio Farias, que há cerca de 20 anos tem um boxe próprio no Mercado da Encruzilhada, afirmou que não recebeu nenhum comunicado sobre a implantação da rede. “Tenho dois computadores meus aqui.

Por enquanto, não tenho necessidade de usar internet e nunca escutei falar dessa rede”, garante.

Já a administradora Célia Almeida diz que os responsáveis pela administração do local avisaram sobre o novo sistema. “Não uso, porque não preciso, mas sou a favor da novidade, pois pode ser útil para pessoas que trabalham com grandes estoques.

Por enquanto, não sei de ninguém que utilize.” O Mercado da Boa Vista é o único lugar onde a internet sem fio, de fato, ganhou adeptos.

Lá, é possível encontrar placas afixadas em paredes informando sobre a rede wifi.

Outra boa medida é que a sala onde estão os dois computadores cedidos pela prefeitura fica bem à mostra e de portas abertas.

O administrador Ivan Severino da Silva explica que a única preocupação quanto aos equipamentos é o uso por crianças. “Como não podemos ficar sempre vigiando-as enquanto navegam, tenho pedido para que venham sempre com um responsável, assim eles podem impor limites”, diz.

O sinal da rede foi encontrado com facilidade e a navegação estava rápida quando a equipe esteve no centro comercial.

O casal Geovania Maciel e André Gustavo da Silva foi um dos primeiros a se interessar pela novidade.

Donos de uma loja de bombons na parte da frente do mercado, eles elogiam a iniciativa. “Foi ótimo.

A velocidade é muito boa, só o sinal às vezes fica baixo, devido a barreiras naturais, como árvores e paredes”, explica André, que além de comerciante é técnico em informática.

Segundo ele, a solução para o problema seria instalar mais roteadores.

Para Geovania, a internet no local de trabalho foi uma oportunidade para aprender mais informática. “Quando o movimento está fraco, fico baixando aulas de photoshop, checando e-mails e vendo as notícias”, revela Geovania.

Destino certo de turistas que vêm ao Recife, o Mercado de São José está sem oferecer o serviço de internet sem fio.

O motivo é a retirada do roteador instalado no centro comercial devido a um problema técnico.

Mesmo sem poder testar o serviço, foi fácil detectar que a situação não era diferente dos outros espaços: poucas pessoas sabiam da instalação da rede ou haviam testado o sistema.

A vendedora Noemia Vieira foi uma das raras a tentar usa a rede, mas sem sucesso.

Assim que soube da implantação, ela levou um notebook para o trabalho, na tentativa de acessar a internet. “Tentei por três dias seguidos, mas não consegui.

Acho que a grande estrutura de ferro do mercado impede a passagem do sinal”, acredita.

Outro mercado que também ganhará rede wifi é o do Cordeiro.

O espaço reabriu há dois meses, após conclusão de reforma feita pelo município, mas ainda carece de estruturação dos boxes.

A rede sem fio chegou a ser instalada, mas foi retirada até a conclusão total das obras.

O projeto de instalação da rede wifi nos cinco mercados e mais o Parque da Jaqueira consumiu R$ 20 mil.

O contrato mensal com a operadora custa R$ 2,1 mil.

Leia mais: Emprel reconhece falhas na rede sem fio dos mercados