O pessoal da Casa do Estudante da UFPE anda reclamando barbaridade de um problema sério de homofobia por lá, que teria se agravado semana passada, no período de eleições da casa.

O caso já chegou a ser denunciado em delegacia e alguns alunos estão abrindo processo contra a universidade.

Veja um texto com detalhes sobre o assunto elaborado pela Chapa 1, que foi derrotada nas eleições realizadas no dia 19 de novembro, pela Chapa 2, chamada de Atitude.

Da homofobia explícita na Casa do Estudante da UFPE Ao longo dos últimos anos sempre houve problemas de convivência entre estudantes residentes na CEU/UFPE, principalmente os relacionados com sexualidade, devido ao choque de valores que muitos vivenciam, por virem de cidades do interior, onde se cultiva a moral machista/heteronormativa.

Os estudantes de orientação homossexual, dessa forma, sofrem constantemente chacotas e agressões verbais por se expressarem como tal.

Dentre os vários momentos de conflitos, destacam-se aqueles em que ocorre a eleição interna da casa para a gestão anual pelos estudantes.

Nesses momentos as manifestações/agressões homofóbicas beiram a agressão física.

No último processo eleitoral, cujo dia de votação foi 19 de novembro, mais uma vez assistiu-se a cenas absurdas de agressão.

Havia duas chapas concorrendo, e uma delas, a chapa 1 “Imagem não é nada, ação é tudo” tinha em sua composição alguns residentes homossexuais, o que lhe rendeu na casa o apelido “chapa rosa”. É importante salientar que o título da chapa “imagem não é nada” está associado ao próprio histórico de homofobia da casa.

Já houve chapa que ganhou com o discurso de que se a “chapa rosa ganhasse” transformaria a casa em Sodoma e Gomorra.

Na última quinta, ao final da apuração, a chapa 2 “Atitude” ganhou com uma diferença de 14 votos.

Começaram aí uma série de agressões homofóbicas.

Um residente do grupo estirou um lençol de cor azul e declarou agressivamente que a casa era azul.

Música de Ney Matogrosso “vira vira homem” foi tocada por um som de carro (isso mesmo: residente da casa de estudante com carro! ) de um deles em sinal de deboche.

O grupo se reuniu e foi comemorar com bebidas na quadra de educação física, a mais ou menos quarenta metros da casa.

Ali gritava o tempo todo “baitola não tem mais vez casa’ ‘vamos acabar com os veados” “viva o preconceito”, além de insultar as meninas, residentes da casa feminina, que apoiavam a chapa 1.

Com uma delas chegaram a espalhar cartazes pelos corredores atacando-a pejorativamente por ela ser obesa.

Após duas horas de comemoração retornaram para a casa com muito barulho, ligaram um amplissom com música “cowboy veado” e um deles foi até o quarto de um residente homossexual insultá-lo e ameaçá-lo de morte.

Isso gerou uma grande confusão e a segurança da UFPE foi chamada.

No último domingo, novamente, um grupo colocou um amplissom no corredor com músicas homofóbicas/machistas e insultavam qualquer residente homossexual ou qualquer mulher que passava pelo corredor.

Alguns residentes atingidos assim como as meninas estão tomando providências na Justiça, já que a universidade não toma providências, apesar de, há muito tempo, ter sido informada.

O que chama a atenção é que no quadro da coordenação de segurança da UFPE um dos códigos de ocorrencia é HOMOSSEXUAIS (codigo18), ao lado de furto ou assalto (codigo 1), elemento suspeito (codigo2), desordem (3), bêbado/pedinte, doente mental, etc.

Isso evidencia a própria visão preconceituosa que a universidade tem.

O DAE (Departamento de Assistência Estudantil) vem sendo informado acerca de tudo isso há tempos e não toma nenhuma providencia.

Um dos residentes perseguidos por ser homossexual está entrando com uma ação contra a universidade.

O mesmo avisou protocoladamente por ofício a reitoria sobre sua situação e nada foi feito.

Devido a toda a violência sofrida por ele o mesmo encontra-se em tratamento psicológico e psiquiátrico.

A situação é essa e caminha para pior.

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