Da Folha de S.Paulo deste sábado “O tratamento está agora cientificamente provado: raiva tem cura.” A frase do médico americano Rodney Willoughby -responsável por salvar uma menina da doença pela primeira vez no mundo- resume a importância para a medicina do caso do pernambucano de 15 anos que contraiu a doença e se livrou dela na semana passada.

Ainda sedado e em estado grave, o garoto é o segundo sobrevivente da doença após o tratamento criado pelo pediatra do Hospital Pediátrico de Wisconsin, o “protocolo de Milwaukee”, que prevê indução do coma e uso de antivirais.

Em entrevista por e-mail à Folha, Willoughby disse que o caso é “importante sob vários aspectos”, inclusive para aperfeiçoar o método.

Leia trechos: FOLHA - Qual a importância desse caso brasileiro?

RODNEY WILLOUGHBY - Ele sobreviveu à raiva mesmo com o diagnóstico feito pela identificação do vírus [com a doença já em estágio avançado].

Isso pode mudar o protocolo do tratamento [fazendo com que seja aplicado até em pacientes em situação crítica].

O tratamento está agora cientificamente provado.

Raiva tem cura.

FOLHA - Há outros 13 casos que tentaram a cura com o protocolo, sem sucesso.

O que deu errado?

WILLOUGHBY - Foram levadas em conta todas as tentativas.

Reportá-las mostra transparência.

Há um registro on-line que logo permitirá saber que aspectos do protocolo são importantes.

Entre as tentativas, houve pessoas com graves lesões cerebrais e com o sistema imune comprometido.

Há pacientes que não receberam todos os remédios importantes.

FOLHA - No Brasil, o protocolo também não foi seguido à risca por falta de medicamentos. É um problema de países em desenvolvimento?

WILLOUGHBY - Sim.

Porém, acho o Brasil um país semi-industrializado, com indústria farmacêutica desenvolvida.

Além disso, é possível descobrir se certos remédios são realmente necessários ao tratamento.

O protocolo é ajustado segundo as experiências.

Um remédio da lista já foi retirado.

FOLHA - Como foi o intercâmbio com a equipe de Pernambuco?

WILLOUGHBY - A equipe já havia salvado o paciente quando fui contatado.

Demos conselhos sobre quando parar o coma induzido e remover a sedação.

FOLHA - O garoto teve convulsões após a retirada da sedação.

O que fazer agora?

WILLOUGHBY - Nós estamos trabalhando nisso.

Estamos cheios de incertezas.