Do Comunique-se A gravação da reunião da cúpula da Polícia Federal, realizada no dia 14/07, que culminou com o afastamento do delegado Protógenes Queiroz do comando da Operação Satiagraha revela supostos pagamentos de propinas para jornalistas, juízes e políticos.
O nome “Mangabeira” aparece como sendo o elo entre Dantas e os meios de comunicação. “Nosso alvo é extremamente estrategista.
Ao pegar o laptop (na casa dele, na hora da apreensão) estavam os manuscritos: na PF vai a pessoa tal, falar com tal.
No Judiciário vai a pessoa tal.
No jornalista, a gente contrata o Mangabeira para chegar nos meios de comunicação.
Estava todo o organograma dele lá”, disse o delegado Carlos Eduardo Pelegrini Magro, um dos responsáveis pela Satiagraha.
Os documentos apreendidos apontam que o suposto esquema movimentava R$ 18 milhões.
Durante a conversa, o superintendente da PF em São Paulo, Leandro Coimbra, pediu cautela ao se fazer acusações sobre a distribuição de propina. “As organizações hoje se caracterizam por tentar entrar nos órgãos públicos.
Temos que ter sobriedade nesses julgamentos”, disse Coimbra.
Para Protógenes, imprensa tenta “desestabilizar” a PF Durante a reunião, o delegado Protógenes Queiroz acusou parte da imprensa de tentar “desestabilizar” a investigação da PF.
Ele classificou os veículos Folha de S.
Paulo, Veja, Istoé Dinheiro e Época como “imprensa sem-vergonha”.
De acordo com Queiroz, as manchetes queriam “denegrir” o trabalho da PF. “Tentaram fazer isso no judiciário, não conseguiram.
Tentaram fazer no Ministério Público, não conseguiram.
Será que aqui vão conseguir?
Acredito que não”, disse o delegado.
PF tenta, sem sucesso, “vedar” saída de informações O vazamento da operação para a imprensa também foi discutida na reunião.
O diretor da Divisão de Combate ao Crime Organizado, Roberto Troncon, disse que os esforços que a PF está fazendo não estão conseguindo “vedar” a saída de informações.
Na Satiagraha, Troncon comenta que, quando a equipe chegou ao local, a imprensa já estava lá: “(a equipe) teve que pedir licença para estacionar o carro”.
A reclamação foi direcionada principalmente à Rede Globo. “O que é a imprensa?
A imprensa é a Globo.
A Globo, que já teve preferência outras vezes e que gerou a ira da imprensa em geral.
Se tivesse que dar privilégio para alguma empresa, que se desse para a pública, para a TV Cultura”, reclamou Troncon.
Rede Globo é favorecida pela PF A Globo também foi alvo de críticas de Leandro Coimbra e Protógenes Queiroz.
Na reunião, os dois deixaram claro que a emissora é favorecida pela PF. “Ainda mais uma imprensa que é uma empresa privada, que vive de lucros, que é a líder de audiência.
Por que temos de dar preferência para a Rede Globo?”, questionou Coimbra.
Protógenes lembrou que o relatório da operação dedicou um capítulo somente à imprensa.
Na reunião, classificou como “mídia bandida” a parte da imprensa que critica a operação da PF. “Eu fiz mesmo um parágrafo de mídia para movimentar a sociedade e nós refletirmos realmente a questão da mídia nos trabalhos da PF, e até refletir no judiciário e no Ministério Público Federal também”.
Os áudios da reunião foram disponibilizados no blog do Noblat.