O Brasil ocupou o primeiro lugar em mortes violentas no estudo comparativo entre 11 países realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea).

A pesquisa foi divulgada hoje (19) e apontou, na análise da proporção estimada de mortes por danos intencionais, que a violência foi a causa de 4,69% das mortes ocorridas nos anos de 2002 a 2003.

Esse índice é praticamente o dobro de todos os outros países pesquisados: África do Sul, México, Argentina, Índia, China, Rússia, Espanha, Alemanha, Finlândia e Estados Unidos. “Quando vemos as mortes causadas por danos intencionais, verificamos que o índice no Brasil é praticamente o dobro de qualquer outro país.

Não chega a ser o dobro da África do Sul, um país que teve apartheid.

A violência, segundo dados da Organização Mundial de Saúde é algo que está produzindo uma verdadeira destruição do ponto de vista da sociedade brasileira”, avaliou o diretor do Ipea no Centro Internacional de Pobreza, o pesquisador Milko Maltijascic.

Esse dado refere-se à violência externa exclusivamente.

Não inclui, por exemplo, danos auto-imputados, ou seja, suicídio, que no Brasil, de acordo com dados da OMS, representa um índice muito abaixo dos demais países.

O índice também não inclui as mortes no trânsito. “É a violência externa, ou seja, a violência de um contra o outro.

O índice de suicídio é baixo, ou seja, o brasileiro quer viver.

Não está querendo se matar não”, definiu Maltijascic.

A África do Sul, país que ocupou o segundo lugar na questão da violência, apresentou índice, nesse mesmo período, de 2,84%.

Em países desenvolvidos como a Finlândia, a Alemanha e os Estados Unidos, os índices de mortes por violência ficou em 0,34%, 0,07 % e 0,65% respectivamente.

O estudo Desenvolvimento e Experiências Internacionais Comparadas apontou ainda que o Brasil apresenta índices de mortes por doenças típicas tanto de países desenvolvidos, quanto de países pobres. “O Brasil é um caso interessante.

Ao mesmo tempo em que tem um perfil de saúde de países em desenvolvimento, já apresenta vários sintomas de países desenvolvidos.

O Brasil, com isso, tem todos os desafios a enfrentar”, alertou Maltijascic.

O estudo apontou ainda a dramática situação de países como a África do Sul e Índia que sofrem com altíssimos índices de infecção por aids. “No caso de doenças causadas por parasitas e infecciosas, se pegarmos a África do Sul, temos um índice de 59% e temos a Índia com 20%.

Um em cada três sul-africanos tem aids.

Isso certamente diminui a esperança de vida saudável do país.

São dados que estão fazendo recuar a qualidade de vida desses países”, avaliou Maltijascic.

Da Agência Brasil