Maria Luiza Borges Especial para o JC OnLine NOVA DÉLI - Quando Olavo Pinheiro de Souza Júnior soube, em uma reportagem da rádio JC/CBN, que haveria uma missão de empresários nordestinos na Índia faltavam apenas 15 dias para o grupo da Fecomércio partir do Recife.

Parecia impossível conseguir passagem e hospedagem para todo o roteiro em tão pouco tempo.

E não é por acaso que ele insistia tanto para engajar-se.

Pinheiro, que é pernambucano, há quatro anos iniciou um próspero negócio de mineração no sul do Piauí.

De uma mina de 18.600 hectares nas cidades de Gilbués, Monte Alegre e São Dimas, ele e mais dois sócios extraem diamantes e exportam as pedras nordestinas para todo o mundo.

E por que ele queria tanto vir à Índia?

Porque aqui estão os mais famosos lapidadores do mundo.

Aqui se faz artesanalmente lapidações tão precisas quanto as realizadas por máquinas a laser americanas.

O objetivo de longo prazo de Olavo Pinheiro é instalar no Recife, onde fica a sede da empresa, uma escola de lapidação, em parceria com alguma empresa indiana que tenha expertise nessa área.

Por isso, ele está ansioso para participar das rodadas de negocição que vão acontecer em Nova Déli e Mumbai nos próximos dias.

Hoje, ele exporta in natura as gemas brasileiras e fatura mensalmente cerca de R$ 1,5 milhão.

Sua estimativa é que, se conseguisse lapidar os diamantes no Brasil, esse faturamento atingiria R$ 5 milhões.

Em 1945, Monte Alegre era um povoado com apenas dois casebres de palha, distrito de Gilbués.

Em 1955, com a descoberta de uma mina de diamantes, o lugarejo cresceu e foi elevado à categoria de município.

Houve uma grande corrida de pessoas ao sul do Piauí, região que se desenvolveu dando início à exploração de diamantes e carbonados de qualidade.

Hoje os trabalhos de extração são realizados em 50 perfurações de poços para cada mil hectares de terra, cada um com profundidade média de 80 metros.

A empresa também realiza pesquisas voltadas para a recuperação de solos degradados e para deter o avanço dos processos de desertificação.

O empresário lamentou não ter tido tempo suficiente para registrar a saída de um lote de diamantes extraído pela sua empresa para testes de lapidação na Índia. “Até procurei o Departamento Nacional de Pesquisa Mineral (DNPM), mas o órgão enfrenta tanta limitação de verba que não foi possível enviar em tempo um técnico ao Piauí para avaliar as pedras e expedir o certificado para a saída do País”. explica.

Mas, como ele pretende fimar parcerias com empresas indianas, deve ser só uma questão de tempo ver diamantes brasileiros virarem brilhantes na Índia.