Fazer o dever de casa e assumir responsabilidades Por Sérgio Goiana O país e o mundo estão enfrentando uma das mais graves crises financeira e de credibilidade.

Se continuar desse jeito teremos vários problemas de conjuntura econômica com reflexos no elevado número de trabalhadores desempregados e na falência do sistema produtivo mundial.

As determinações governamentais de salvar o sistema financeiro, incorporando-os aos seus ativos ainda não proporcionou a credibilidade ideal dos investidores a tal ponto de inverter a realidade.

Nesta crise só tem um beneficiário: são os especuladores financeiros.

Estes sim estão olhando a crise sem perder os lucros e aumentar o patrimônio.

A volta da normalidade só poderá ocorrer se estes tiverem que arcar com o ônus de uma reviravolta.

Seria necessário que tanto os governos e bancos centrais dos países do Primeiro Mundo deveriam determinar a devolução de parte dos investidores dos respectivos ganhos da especulação a partir de determinado momento.

As medidas do Banco Central do Brasil podem ser consideradas conservadoras em termos de política econômica, no entanto, os especialistas afirmam que são as mais eficientes e práticas no atual momento financeiro, levando-se em consideração a relativa homogeneidade entre os mercados financeiros latino-americanos; esses mercados, diante da versatilidade dos efeitos graves da crise, devem ficar a reboque do Brasil e, até mesmo, como uma adicional salvaguarda da recessão que se avizinha globalmente. .

Dentro do movimento sindical existem inúmeras desconfianças e preocupações que remetem a necessidade de um amplo debate.

Como por exemplo: redução do ritmo de crescimento (queda das exportações e redução do consumo familiar), o que pode ampliar o índice de desemprego, a concentração de renda, fome e miséria; incerteza do câmbio - com o dólar variando de cotação todos os preços estarão sujeitos a serem reajustados e a volta da inflação passa a ser uma preocupação constante; instabilidade financeira e o comércio exterior - nossas exportações têm contribuído com a constante quebra de recorde de arrecadação; a volta da discussão sobre a contenção do gasto no setor público, com cortes nos orçamentos de todos os ministérios e o reflexo imediato nas políticas públicas - aumento da taxa de juros também dificulta o consumo interno consequentemente tendo um reflexo na economia interna do país.

Na verdade, a grande tese do capitalismo, com a crise econômica está sendo desmontada, porque o mercado não foi capaz de definir a sua regulação.

Está provada a importância do Estado, uma vez que sem ele a crise teria um aspecto incontrolável, nesse momento os neoliberais não assumem que o capitalismo é o grande responsável por tudo isso.

A especulação no mundo financeiro é muito grande - ao invés de investir na produção, o capital preocupa-se “apenas” em obter seu lucro não importando com as conseqüências.

Os reflexos econômicos no Brasil serão os mesmos que em outros países – menos crédito, investimentos e renda; menor taxa de crescimento, dúvidas, entre outros fantasmas.

Infelizmente, a grande Mídia faz o jogo do poder econômico e não aprofunda a discussão.

O Governo Federal, como sempre, é obrigado a tomar soluções diante do problema.

Qual é a contrapartida desses recursos oriundos do nosso bolso?

Não podemos aceitar que nosso dinheiro seja entregue ao capital, sem compromisso social, geração de renda, emprego e condições de trabalho dignas.

Agora, começa uma nova fase, uma ótica mais focada na economia mundial, marcada pela busca frenética por competitividade.

No Brasil, empresas, governo e setores produtivos têm condições de vencer esse jogo.

Nesse momento precisamos dizer aos defensores do livre comércio que, o mercado financeiro é regulado de acordo com seus interesses e necessidades.

Os especuladores pouco se importam que existem pessoas morrendo de fome, na miséria social ou sem políticas públicas.

A CUT-PE não abrirá mão de sua pauta em defesa dos trabalhadores/as, de uma sociedade igualitária, pois não somos culpados pela crise. É hora de começar a fazer as lições que o mundo real exige - até para aproveitar o que o Brasil tem de melhor com suas potencialidades.

PS: Sérgio Goiana é presidente da Cut/PE