De Política/JC Apesar de o Pleno do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PE) ter rejeitado, por unanimidade, as duas argüições de suspeição feitas pelos advogados do PT contra o juiz das Investigações Judiciais do Recife, Nilson Nery, no mês passado, o magistrado, mais uma vez, foi acusado ontem pelo partido de tomar posição nos processos movidos contra o prefeito eleito, João da Costa (PT).

Com a ação, o PT deixa clara a tentativa de impedir o juiz de apurar qualquer denúncia na qual João da Costa é réu.

A manobra jurídica foi usada mais uma vez para paralisar a ação que investiga se o ex-secretário de Planejamento do Recife foi supostamente beneficiado com a cooptação de eleitores, por meio de prepostos, na Empresa Municipal de Informática (Emprel) – caso semelhante ao da Secretaria de Educação, que resultou na condenação do petista por abuso de poder econômico e político.

Ele terminou sendo eleito sub judice.

Os advogados repetiram os argumentos das duas primeiras argüições de suspeição.

Na primeira alegação, Nilson Nery teria se posicionado contra João da Costa quando concedeu uma entrevista coletiva para falar sobre a condenação do petista no processo que apurou a cooptação da Educação e a promoção de sua imagem na Revista do OP, paga pela Prefeitura do Recife.

Na segunda alegação, o filho do magistrado, Fábio Nery, divulgou um artigo que criticava o governador Eduardo Campos (PSB), que se posicionou contra a sentença do juiz.

O Pleno do TRE considerou os argumentos inconsistentes para afastar Nery das investigações de dois processos: o que apura a distribuição de peixe em troca de voto e o que analisa se a limpeza de um dos comitês do petista, na campanha, foi feita por um caminhão da empresa Qualix - que tem contrato com a prefeitura desde 2002. “Vou avaliar com calma a repetição de um ato que já foi julgado pelo Pleno do TRE.

O julgamento que está sendo contestado é o do Pleno.

Estão demonstrando que não aceitam a decisão”, afirmou Nilson Nery.

Ele lembrou, inclusive, que o próprio prefeito eleito, em entrevista ao JC, admitiu que as duas primeiras suspeições foram levantadas para retardar as investigações.

Nestes dois casos, o PT entrou com um recurso chamado de embargo de declaração para tentar modificar o julgamento do Pleno.

O relator, o desembargador eleitoral Ademar Rigueira, ainda não levou os embargos para o Pleno se posicionar pela segunda vez.