A CPI das Escutas Telefônicas Clandestinas ouve hoje o investigador particular Francesco Maio Neto, acusado pela Polícia Federal de comandar uma quadrilha especializada em espionagem, ao lado do detetive Eloy de Lacerda Ferreira, já ouvido pela CPI.

Segundo a PF, Eloy e Maio Neto se associaram ao delegado da Polícia Civil de São Paulo Orivaldo Baptista Sobrinho para fazer espionagem para empresários, banqueiros, políticos e até mesmo policiais civis.

Os três foram indiciados pelos crimes de quebra de segredo de Justiça, interceptação clandestina de comunicações telefônicas e formação de quadrilha.

Eles negam as acusações.

Segundo a PF, eles atendiam de casos conjugais a questões de espionagem industrial e cobravam até R$ 16 mil por 15 dias de interceptação telefônica.

A PF chegou ao grupo ao investigar, com interceptação telefônica autorizada pela Justiça Federal, pessoas envolvidas no comércio e na exportação de café suspeitas de evasão de divisas e lavagem de dinheiro.

Maio Neto, segundo as investigações, fazia serviços de espionagem para esses empresários e descobriu que seus clientes estavam sendo monitorados e os avisou sobre a investigação.

A PF soube do alerta dado pelo investigador aos seus clientes e, a partir disso, iniciou uma investigação paralela, que culminou na Operação Ferreiro.

A PF interceptou a comunicação dos arapongas, o que levou ao pedido de prisão de 17 suspeitos de espionagem.

O inquérito que resultou nas prisões deles tramita em sigilo na 4ª Vara Federal de Belo Horizonte.

Protógenes Na reunião de hoje, a CPI também vai votar requerimentos.

Entre eles, os que convocam o delegado Amaro Vieira Ferreira, da Corregedoria-geral da Polícia Federal, e o procurador da República Roberto Dassié, que acompanha o controle das atividades da Polícia Federal.

O objetivo é apurar se a Corregedoria da Polícia Federal quebrou ilegalmente o sigilo telefônico de jornalistas que cobriram a Operação Satiagraha, que resultou na prisão do banqueiro Daniel Dantas.

A quebra ilegal do sigilo dos jornalistas teria ocorrido para averiguar o vazamento de informações sigilosas da operação à imprensa.

De acordo com o presidente da CPI, deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), é importante averiguar os fatos, já que existem acusações de que o delegado responsável pela operação, Protógenes Queiroz, seria o responsável pelos vazamentos.

A CPI deve discutir também como ter acesso ao inquérito do delegado Amaro Ferreira, em que ele teria identificado crimes cometidos pelo delegado Protógenes Queiroz, como violação de sigilo funcional e interceptação telefônica não autorizada pela Justiça.

De acordo com Marcelo Itagiba, a CPI das Escutas está de portas abertas para que Protógenes apresente sua defesa, se assim desejar.

O deputado defende também a prorrogação dos trabalhos da CPI, que tem prazo até dia 4 de dezembro para encerrar os trabalhos.

A reunião será realizada às 13h30 no plenário 11.

Da Agência Câmara