Por Renato Lima, de Economia/JC Quem está fora do mercado financeiro pode imaginar que a Bolsa de Valores em queda representa perda para todo mundo.

Mas, no cenário de sobe e desce diário, o investidor profissional consegue acumular bons lucros mesmo num curto espaço de tempo.

Atuando no mercado futuro em momentos de alta volatilidade é possível ganhar muito com pouco capital ou decretar falência, pois o risco também é elevado. “Na história, tanto do Brasil quanto do mundo, grandes fortunas foram construídas aproveitando momentos de crise”, avalia Leonardo Faccini, professor de mercado de capitais no Ibmec-RJ e ex-superintendente da Comissão Nacional de Bolsas.

Algumas estratégias podem ser adotadas em momentos como o atual.

Uma delas é aproveitar para comprar ações em baixa e ficar com os papéis de boas empresas, esperando que a crise passe e os valores voltem ao preço correto.

Mas essa iniciativa demanda tempo.

A outra opção – que permite ganhos maiores, mas com exposição a risco igualmente grande – é atuar no mercado futuro tentando acertar para onde vai o valor dos ativos em prazo determinado – seja Bolsa, dólar ou commodities.

Faccini explica uma diferença fundamental entre os mercados.

No de ações à vista, quando a Bolsa sobe, todos que estão com títulos em alta saem ganhando.

Já no futuro, trata-se de um jogo de soma zero. “No mercado de derivativos, se tem alguém ganhando é porque outra pessoa está perdendo o mesmo valor”, explica Derivativo é um contrato no qual o pagamento futuro é calculado pela variação de um ativo no mercado.

O valor deste contrato deriva a partir de um outro ativo.

Daí o seu nome.

No mercado à vista, é preciso desembolsar o valor para comprar uma ação.

Por exemplo, um investidor paga R$ 30 por um papel da Vale do Rio Doce.

Se o título subir 10%, ele poderá vender depois com lucro de 10%.

Digamos que esse mesmo investidor imagina que a ação vai subir e prefere atuar no mercado futuro.

Com menos capital, ele pode comprar pagando apenas o valor da margem exigida, em torno de 10%. “O mercado futuro permite uma grande alavancagem porque só precisa colocar o valor da margem.

Então uma pessoa que comprar R$ 100 mil no mercado à vista vai lucrar R$ 10 mil em caso de 10% de valorização, por exemplo.

No futuro, com R$ 100 mil é possível assumir uma posição de R$ 1 milhão em ações.

Se der os 10% de valorização, o ganho vai para R$ 100 mil mais a margem depositada de R$ 100 mil.

Então é um ganho de 100%”, diz Faccini.

Agora, se o mercado contraria previsões e cai 10%, as características dos dois mercados podem representar a diferença entre um prejuízo aceitável e o inferno.

Quem compra uma ação que cai continua tendo o papel – que representa uma fração de uma empresa de verdade.

Já uma aposta errada no mercado futuro vira prejuízo líquido e certo.