Da Folha de S.Paulo O delegado da Polícia Federal Amaro Vieira Ferreira, responsável por investigar o vazamento da Satiagraha, afirmou ontem que o sigilo da fonte é uma questão restrita a jornalistas e que seu dever é descobrir a fonte policial que avisou a TV Globo que a operação ocorreria na madrugada de 8 de julho. “Se a investigação levar a A, B ou C, não me interessa.

O sigilo da fonte não é meu, é do jornalista.

Posso chamar o jornalista e perguntar quem o avisou.

Ele pode se manter em silêncio.

E eu, como policial, posso buscar outros caminhos para descobrir quem vazou”, afirmou.

A Folha informou ontem que a PF conseguiu, sem ordem judicial, a quebra do sigilo telefônico de dezenas de aparelhos Nextel usados na madrugada em que a operação foi deflagrada.

Os pedidos foram focados em quatro locais onde havia equipes da TV Globo à espera da polícia na madrugada da operação. “Não houve pedido de quebra de sigilo à Nextel, muito menos de quebra de sigilo de jornalistas.

Pedimos apenas que a empresa nos informasse quais antenas servem determinados lugares, e para isso não é necessária uma autorização judicial”, afirmou Amaro.

Nos autos, segundo a Folha apurou, a PF pediu a relação completa de “todos” os celulares e antenas usadas nas imediações da sede paulista da PF e em três locais alvos de buscas durante a deflagração da Satiagraha.

Há ainda o horário em que as antenas foram usadas.

Questionado sobre o objetivo de identificar as antenas que captaram ligações feitas e recebidas apenas onde havia jornalistas à espera, o delegado afirmou que o caso está sob sigilo. “Mas posso assegurar que nenhum jornalista mora nesses locais”, disse, em tom irônico.

Durante a madrugada do dia 8 de julho, foram presos o banqueiro Daniel Dantas, o investidor Naji Nahas e o ex-prefeito Celso Pitta, entre outras 14 pessoas, todos investigados por supostos crimes financeiros.

A prisão de Pitta, às 6h e de pijamas, foi filmada pela TV. “Sou um policial sério e não concordo em mostrar na TV alguém sendo preso.

Quem vazou cometeu um crime, e é isso que investigo”, disse Amaro.

Segundo a Folha apurou, a PF queria descobrir se o delegado Protógenes Queiroz, que comandou a Operação Satiagraha, ou algum dos seus subordinados avisou os repórteres.

A reportagem encontrou ontem com Amaro por acaso no prédio da Justiça Federal.

Ele deixava o sétimo andar pela escada de incêndio, ao lado do superintendente da PF de São Paulo, Leandro Daiello Coimbra.

No sétimo andar funciona a 7ª Vara Federal, do juiz Ali Mazloum, que autorizou os pedidos de Amaro para busca e apreensão contra agentes que atuaram na Satiagraha.

Amaro, que falou com a Folha no subsolo do prédio, após descer nove lances de escada, não confirmou se esteve com Mazloum.