O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, qualifica o atual momento como de atenção e ressalta que a atitude para enfrentar a crise deve ser de serenidade e muito trabalho. “Há razão para preocupação, mas não para pânico, o que é improdutivo. É preciso ação firme, sobriedade e muito trabalho para que passemos por esse processo e mantenhamos o ritmo de crescimento econômico sustentado”, diz Meirelles, que participou nessa sexta-feira (7) da III Marketing Round-Up promovido pela Câmara Americana de Comércio (Amcham), na sede da entidade em São Paulo.

O presidente do BC prevê desaceleração da economia brasileira em 2009, mas considera que o País estará em situação privilegiada. “O Brasil não sofrerá como os outros países.

Cresceremos acima da taxa média mundial estimada pelo FMI (Fundo Monetário Internacional).” Meirelles apresentou no evento dados que indicam retração no próximo ano nos Estados Unidos (-0,7%), na Zona do Euro (-0,5%) e no Japão (-0,2%).

No mundo, deve haver pequena expansão, de 2,2%, no período contra 3,7% em 2008.

Medidas anti-crise O Banco Central tem atuado fortemente para regularizar a liquidez em moeda estrangeira e em reais no mercado doméstico.

Entre as principais medidas nesse sentido, Meirelles destaca a injeção de US$ 14 bilhões, até 5/11, distribuídos entre vendas à vista (US$ 5,1 bilhões), leilões de recompra (US$ 5,8 bilhões), garantias em global bonds (US$ 1,6 bilhão) e em ACC – Adiantamento de Contrato de Câmbio – e ACE – Adiantamento de Contrato de Exportação (US$ 1,5%).

Para o sistema bancário, especialmente pequenas e médias instituições, o BC provisionou R$ 47 bilhões.

Meirelles lembra ainda o acordo estabelecido com o Federal Reserve (banco central americano) para troca de moedas no valor de US$ 30 bilhões até 30 de abril de 2009, dinheiro que poderá ser utilizado pelo País a qualquer momento sem custos.

Preocupado em conter o nervosismo do mercado de câmbio, o Banco Central realizou intervenções que totalizam, até 5/11, US$ 40 bilhões. “Muitos contratos de derivativos estão liquidados e o mercado já volta à normalidade”, comenta Meirelles.

O Banco Central também disponibilizou US$ 5 bilhões a pedido do Ministério da Agricultura para crédito ao setor agrícola. “Há uma tendência gradual de recuperação, mas que não atinge a todos ao mesmo tempo. É como a idéia de uma temperatura média”, compara Meirelles.