Por Edilson Silva Os vereadores do Recife aprovaram esta semana, por unanimidade, um aumento em seus salários da ordem de 29,83%, elevando os mesmos para R$ 9.289,34.
O principal argumento para a majoração é a defasagem salarial, visto que o último reajuste se deu há vários anos, em 2002.
Junto com o aumento, os vereadores aprovaram a criação de assessorias especiais para a mesa diretora, mudaram as regras para a utilização das verbas de gabinete e aprovaram ainda a publicação dos gastos dos parlamentares na internet.
O aumento dos salários dos vereadores não pode ser analisado fora do contexto da situação de nosso município, da falência da democracia representativa em que vivemos e do momento político específico que vive a Câmara Municipal do Recife.
O povo de nossa cidade vive fazendo a cada dia mais sacrifícios para sobreviver, com o insistente argumento por parte do poder público de que os recursos são insuficientes para se resolver “tudo de uma vez”.
Diante desta situação, o aumento dos vereadores é uma brutal demonstração de falta de espírito público, de escárnio, que causa indignação na população e contribui à sua maneira para o caos social que já vivemos.
A sociedade aperta o cinto, os vereadores folgam os seus.
Mas não é só isso.
A população recifense acabou de assistir a uma verdadeira chuva de dinheiro no processo eleitoral.
Campanhas milionárias tomaram conta da cidade, sobretudo dos vereadores atuais, numa demonstração inequívoca de que as vossas excelências em questão não sobrevivem dos salários de seus respectivos mandatos.
O dinheiro sobra na política, como diz o povo, mas os políticos querem mais, sempre mais.
Mas ainda não é só isso.
A atual legislatura tem um débito com a sociedade. É a legislatura em que boa parte de seus integrantes cometeram, no exercício do mandato, delitos previstos no código penal, falsificando notas fiscais, quebrando claramente o decoro parlamentar.
Esta legislatura, portanto, com todo o respeito às vossas excelências, não está investida da autoridade política necessária para sair de cena oferecendo à sociedade mais despesas.
Os três cargos criados, em tese para o aconselhamento da presidência da casa, têm um cheiro terrível de casuísmo.
A imprensa noticia que seriam para vereadores que por vários motivos não estarão na próxima legislatura.
Já que os vereadores estão imbuídos de tanto espírito de solidariedade, por que não disponibilizam as vagas de seus respectivos gabinetes para absorver os “conselheiros”, ao invés de aumentar a conta dos contribuintes?
Sobre as mudanças na liberação da verba de gabinete, elas não fazem caducar os delitos já cometidos, e que esperamos sejam rapidamente desembaraçados do Tribunal de Contas do Estado, para que a sociedade e as instituições competentes possam agir e exigir as providências cabíveis.
PS: Silva é presidente do PSOL/PE e escreve com exclusividade às sextas-feiras no Blog de Jamildo.