Por Jayme Asfora* É possível que uma nação, ao longo de 40 anos, modifique toda uma cultura, uma atitude e passe a respeitar as diferenças, assegure as liberdades individuais e zele pela ética acima de tudo?
Os Estados Unidos mostraram, esta semana, que sim, que é razoável acreditar que em tão pouco tempo haja uma profunda mudança de paradigmas.
O mesmo país que, há 40 anos – no dia 4 de abril de 1968 –, viu o líder negro Martin Luther King ser assassinado no Estado do Tennesse, assistiu na última terça-feira um negro chegar à Casa Branca.
Apenas 40 anos se passaram desde que o pastor King foi morto.
Pouco mais de 40 anos desde que os negros ganharam o direito de votar – em 1965.
E Barack Obama chegou ao poder do país mais rico do mundo.
Que lições podemos extrair deste momento histórico para o mundo? É importante perceber não apenas que a questão racial está equalizada nos Estados Unidos.
Mas é fundamental verificarmos que os esforços empenhados para que as diferenças fossem melhor aceitas, acabaram por obter um resultado favorável.
Os Estados Unidos formam uma das democracias mais consolidadas do mundo.
E se focarmos nossa visão apenas no resultado dessas eleições – sem levarmos em conta outros problemas do seu cotidiano – é possível observarmos que o país deu um passo significativo no processo democrático.
Já a recente democracia brasileira comemorou, também em 2008, apenas 20 anos.
Esse também é um prazo pequeno para um amadurecimento de toda uma nação.
Mas enxergamos de longe a possibilidade de que em poucos anos teremos um processo eleitoral ainda mais ético e equilibrado.
Este ano, por exemplo, durante o período pré-eleitoral, veio à tona a discussão em torno da elegibilidade dos chamados “fichas-suja”.
Esse foi um tema novo colocado em pauta e que, com certeza, deverá ser levado muito mais em conta – e esperamos que também incluído na lei das inelegibilidades - já nas eleições de 2010 de acordo com o que prevê o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral.
Essa é uma mudança importante de paradigmas, assim como foi a Lei 9840/99 - que tipificou como crime a compra de votos de qualquer espécie.
Talvez, tenhamos que esperar mais alguns anos para que o compromisso com a ética e verdade seja a mola-mestra que moverá toda a política brasileira.
Mas, com certeza, esse dia chegará. *Jayme Asfora é presidente da OAB-PE e escreve para o blog às quintas.