Estamos ficando grande na economia internacional Por Fernando Castilho, do JC Negócios Há um enorme equívoco em algumas análises sobre a fusão do Itaú com o Unibanco quando se destaca que com isso a participação dos cinco maiores bancos do País nos depósitos totais (à vista, a prazo, poupança e depósitos interbancários) cresceu 26,3 pontos porcentuais criando o maior banco brasileiro e o 17º do mundo.
E até se falar que o consumidor pode ser prejudicado porque, sozinho, o “Itaunibanco” terá 19% do volume de crédito e 21% dos depósitos.
Esqueçam, por um momento, o caso e olhem para o tamanho da economia brasileira nos últimos anos.
Tentem identificar quantas empresas brasileiras estão com negócios na América Latina e no Exterior e as novas necessidades delas.
O que as pessoas esquecem é que é cada vez maior o número de empresas brasileiras que começam a ter o status de classe mundial.
E essas empresas acabam forçando a que os bancos brasileiros que são seus parcerios comecem a se preparar para sair do Brasil.
Nos últimos anos o tamanho da economia brasileira fez uma centena de empresas internacionais vir para o Brasil e levou outro números de grandes empresas para fora. É comum as pessoas acharem que só a Petrobras ou Vale são empresas de classe mundial.
Não estão mais isoladas estão lá Brasken, Coteminas, Sadia, Embraco, Embraer, Gerdau, Natura, Sadia, Votorantim, Friboi e Weg.
O Itaú comprou o Unibanco para ficar grande e poder disputar o mercado nacional como os gigantes que estão entre nós.
Ou ele pode esquecer do HSBC e do Santander.
A lógica do “Itaunibanco” é a mesma da compra da Budweiser pela InBev.
Ou você caça ou é caçado.
Essa conversa lembra uma entrevista do conhecido brasilianista Werner Baer, aqui no Recife, que começou a listar, pelo menos, 30 empresas brasileiras de classe mundial que ele estava sugerindo a seus alunos na Universidade de Illinois nos Estados Unidos a começarem a estudar o modelo de gestão brasileiros no Exterior.
E isso tem a ver com outro equivoco do movimento sindical brasileiro de achar que esse concentração é ruim e que pode significar perda de postos de trabalho.
Não pode não, vai significar sim perda de postos de trabalho.
A questão não é saber se vale a pena protestar na avenida Paulista, após a fusão dos bancos Itaú e Unibanco e pedir a preservação de empregos e liberação de mais crédito.
A questão é saber como se preparar tecnicamente para negociar as perdas dos postos de trabalho dessa fusão gigante.
O que poucas pessoas sabem é que o movimento sindical bancários no Brasil tem 7 mil dirigentes para menos de 350 mil trabalhadores.
O número de dirigentes é o mesmo de quando o sistema tinha 700 mil trabalhadores há 20 anos.
E se ele não rever sua estratégia de abordagem a tendência é perder mais apoio entre a categoria que está, pelo menos, dois graus de escolaridade acima da dos dirigentes sindicais e olham para os dirigentes como jurássicos.
Alguém pode achar que estou sendo cruel mas o alerta é que o movimento sindical analise o fenômeno “Itaunibanco” como uma oportunidade de rediscutir sua função dentro dessa nova realidade que a economia brasileira ganhou e que vai puxar os bancos para instituições de classe mundial.